Os Conselhos do Chico

Há vários anos que é assim. Quando a inquietação me assalta de rompante e não consigo encontrar uma explicação lógica para compreender ou tentar explicar esse acontecimento, ou até mesmo quando não encontro uma explicação lógica para explicar algo que se está a passar no mundo, pego nos meus discos do Chico para ali encontrar a explicação. É impossível não conseguir achar a resposta nos Conselhos do Chico. A obra do Chico é tão vasta, tão genial, tão sublime, tão humana ao ponto de crer que o Chico não é do século passado, não é deste século e não é dos próximos – é um ser transcendente a todos nós que vive noutra era, muito mais avançada – é outra forma, é outra matéria. É um ser que foi enviado para nos ensinar a saber como lutar. Nós é que somos ao lado dele gente tola na lufa-lufa que são os nossos dias, metidos quase sempre nas nossas vidas mundanas, nas nossas eternas insatisfações, no nosso esforço abnegado para querer mais deste mundo quando o mundo não nos quer dar mais nada.

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#9 – picardia

Eu sei, eu sei que neste meu regresso à blogosfera activa com esta espécie de blog, todos andam mortinhos para que eu comece a disparar palavras sobre o deplorável estado da AAC na era Bruno Matias. Relaxem. Não ha muito para criticar porque muito pouco foi feito. O mandato do ano passado começou mais tarde. O deste ano consta que ainda nem sequer começou…

Ciclismo 2014 #32

volta ao país basco

Foi assim que Contador terminou na segunda-feira a Volta ao País Basco: de beret enfiado na cabeça (bem bonito por sinal) e duas beijocas de duas moçoilas contratadas pela organização da prova.

2ª etapa – ontem

tony martin

O bicampeão do mundo de contra-relógio Tony Martin brilhou na etapa que foi corrida na região de Ordizia em pleno coração do país basco. A etapa convidava a alguns ataques na parte final, apesar de conter 4 contagens de montanha no percurso de 155 km (1 de 1ª categoria; todas elas na primeira metade da etapa) e da última dificuldade do dia (posicionada a cerca de 7 km da meta) não ser uma subida categorizada para o prémio da montanha.

Um fuga de 7 ciclistas, entre eles o bicampeão do mundo, Jon Izaguirre (colocado pela Movistar porventura para estar na frente caso Valverde decidisse atacar Contador; facto que viria a acontecer nessa subida não categorizada com resposta imediata de Alberto Contador; excelente trabalho da Movistar no endurecimento da corrida nos quilómetros que antecederam o ataque de Valverde) e Jan Bakelants (Omega). Apesar de excelentes roladores, tanto Bakelants como Martin são homens que ultrapassam sem grande dificuldade a média montanha, tendo em Ordizia uma grande oportunidade para fazer vingar a fuga. No pelotão, sapiente da boa forma física de Alberto Contador (qualquer ataque dos adversários directos seriam respondido pelo próprio ou pelo próprio mais a ajuda de Kreuziger) a Tinkoff limitou-se a controlar a diferença para depois passar a bola a quem estivesse mais interessado em vencer a etapa. A Orica GreenEdge chegou-se à frente para trabalhar para os seus homens rápidos Michael Matthews e Simon Gerrans. No caso do segundo, um dos chefes-de-fila da equipa, qualquer ataque do australiano teria que se executado entre 10 a 5 km da meta, como o próprio gosta de executar.

Martin e os 6 corredores chegaram a ter 2:40 de vantagem. Com o andamento da corrida, a vantagem foi reduzida. Até à subida final e ao ataque de Valverde, respondido directamente por todos os candidatos à vitória na geral. Com Rui Costa inserido no grupo principal, o português viria até a dar o arzinho da sua graça ao esboçar um ataque que viria a ser concretizado na altura por Phillippe Gilbert da BMC numa altura em que Martin já se encontrava sozinho na frente com 45 segundos de vantagem. Com uma ponta final na qual conseguiu resistir, o alemão habituado a ganhar na luta contra o cronómetro (uma autêntica máquina nesta especialidade) colocou um ponto final na coisa ao chegar isolado com meio minuto de vantagem sobre o pelotão, encabeçado por Ben Swift da Sky.

Na geral nada se alterou em relação à 1ª tirada da prova.

Boa etapa de Rui Costa. O português afirmou que depois de ter perdido 4 minutos e meio na 1ª etapa estaria interessado defender Damiano Cunego e atacar numa etapa se houvesse possibilidade para tal. Nesta etapa, Rui apareceu ao lado do italiano, protegendo-o do vento e colocando-o em condições de não perder tempo para os seus mais directos rivais.

3ª etapa hoje

michael matthews

Na etapa corrida hoje na região de Vitoria Gasteiz, cidade do mítico Alavés, um dos “Michaels” que compõe a nova geração do ciclismo australiano (Michael Matthews, Michael Hepburn, Rohan Dennis) voltou a triunfar ao sprint em Espanha, 1 ano depois de ter chocado meio mundo ao ter vencido 2 etapas da Vuelta ao sprint com apenas 23 anos.

A Orica continuou a lutar desesperadamente por uma discussão ao sprint. A equipa australiana trabalhou bem para anular as fugas do dia (a que durou mais foi a do vencedor da geral da Volta à França do Futuro Koldo Fernandez da Caja Rural) e o jovem sprinter da equipa foi mais rápido que Kevin Reza da Europcar (a Europcar apresenta-se no País Basco com os dois ciclistas negros integrantes da equipa; Reza e Berhane; ambos tem muita qualidade) e Michal Kwiatkowski da Omega.

Alberto Contador continua a liderar a prova com 14 segundos de vantagem sobre Alejandro Valverde e 34 sobre o ciclista polaco da Omega-Pharma Quickstep.

Para amanhã:

Os bascos não brincam em serviço. As etapas são curtinhas mas durinhas. A que irá ligar amanhã Vitoria Gasteiz a Eibar tem apenas 151 km mas, pelo meio os ciclistas terão que ultrapassar 5 contagens de montanha (2 de 1ª categoria; a última a terminar) e 3 de 2ª categoria. Um autêntico sobe e desce que é tão apetecível para ciclistas neste momento despreocupados na geral como Rui Costa, Rinaudo Nocentini, Warren Barguil (Giant-Shimano) Samuel Sanchez (BMC), Mikel Nieve, Jelle Vanendert ou Robert Gesink (Belkin). Acredito que um destes estará na fuga do dia ou lancará o seu ataque na penúltima contagem do dia.

Da Champions #22

Terminou há minutos (no Vicente Calderón e no Allianz Arena) mais uma eliminatória da Champions. Arrisco-me a dizer, em breves palavras, que os quartos-de-final da edição deste ano poderão ficar na história como uma das melhores rondas de sempre da história da prova. Não posso dizer que a ronda tenha tido um único jogo desinteressante nos 8 jogos disputados.

No frenético, entusiasta e saudosista Vicente Calderón, a abarrotar de vermelho, 40 anos depois, o Atlético de Madrid (do mago Simeone; que deliciosa ironia!) volta a atingir as meias finais da prova. 40 anos depois do feito histórico protagonizado por um dos seus maiores símbolos, o recém falecido Luis Aragonés, um dos grandes craques da equipa colchonera que disputou a final da Taça dos Campeões Europeus na época 1973\1974 precisamente contra o Bayern de Munique, um dos possíveis adversários colchoneros nas meias-finais da prova ou até mesmo na final.

Não tenho qualquer pejo em afirmar que, caso este Atlético consiga vencer campeonato e champions, o triunfo é absolutamente merecido. O trabalho que Diego Simeone tem feito numa equipa teoricamente considerada por grande parte da imprensa internacional como um eterno candidato ao 3º lugar em Espanha, está, de que maneira, a baralhar as contas de meia europa.

A crónica mais detalhada sobre a partida do Calderón fica para amanhã. Como amante da arte do futebol, preciso de rever o jogo (ou grande parte deste) para o poder descrever minuciosamente. Acredito que para descrever um jogo destes, ou se descreve com minúcia ou então é preferível não o descrever de todo. Em traços gerais, a entrada do Atlético na partida, ao contrário do que previa (previa um Atlético capaz de colocar um ritmo lento na partida para impedir que o Barça entrasse a todo o gás e pudesse marcar cedo) foi demolidora. Não só pelo golo obtido por Koke, pelas 3 bolas aos ferros da baliza de Pinto mas pela desconcentração pura e pelo nervosismo miudinho que o jogo rápido e açucarado praticado pela equipa de Simeone provocou na incipiente (no jogo desta noite) equipa de Tata Martino. Assertivo também creio afirmar que os catalães sentem algum nervosismo quando não tem bola nos pés. Naturalíssimo dada a matriz em que assenta a sua filosofia de jogo: a posse de bola. Contudo, o nervosismo sentido por Xavi, Messi, Iniesta e seus pares no rectângulo plantado a meio da onda vermelha madridista, resultou, em traços largos, numa enorme quantidade de disparates defensivos na primeira parte (a pressão alta executada pelos colchoneros no meio-campo catalão seguida quase sempre de um recuo das linhas sempre que a equipa da cidade condal conseguia cruzar o meio-campo com bola, obrigou o Barça a jogar mal na saída de bola e a não conseguir meter a bola entre linhas como de resto costuma fazer; Iniesta-Messi-Iniesta com entrada do espanhol em zona de finalização; Iniesta-Messi-Neymar com entrada do brasileiro no espaço livre) numa dificuldade enorme que os catalães tiveram em conseguir arranjar espaço para criar desiquilíbrios (Neymar foi o único capaz de desequilibrar) – por seu turno, o Atlético sempre que foi lá à frente criou perigo. Com Villa a receber mais jogo nos flancos e Adrian com um hábil jogo de área (o avançado também procurou empurrar várias vezes a equipa lá para a frente através de arrancadas individuais quando conseguia ganhar a bola no meio-campo) a equipa ganhou uma enorme mobilidade (com Diego Costa, apesar de Gabi, Koke e Arda serem os mágicos que bem conhecemos, o jogo torna-se ligeiramente mecanicizado para a corrida do avançado naturalizado espanhol) e uma enorme profundidade, que, a bom da verdade, foi a chave do sucesso desta passagem histórica do Atlético. Outra das chaves do sucesso foi a colocação do brasileiro Diego na 2ª parte e o fantástico golo apontado pelo antigo jogador do FC Porto em Camp Nou. Em Madrid começa-se a acreditar que a presença de Diego Ribas no clube é sinónimo de conquistas!

P.S: Monstruosa exibição do nosso Tiago. Posicionamento perfeito do português em campo. É pena o facto do antigo jogador de Benfica, Lyon e Chelsea já ter renunciado à selecção. Na forma em que se encontra é uma mais valia de caras para o meio campo da nossa selecção.

P.S 2: Messi e Iniesta – O primeiro eclipsou-se por completo. Nem pareceu estar em campo. O 2º foi mais marcado que o quinto dos infernos. Quando tinha bola caiam imediatamente três jogadores do Atlético. Simeone sabia perfeitamente que era daqui que vinha metade do perigo deste Barcelona.

No Allianz Arena vi que o Bayern sofreu a bom sofrer para bater o Manchester United. Deixo o comentário para o meu colega de blog André Simões. Não vi o jogo mas gabo desde já David Moyes. Fiquei com a ilacção que contra o Bayern, toda a gente poderá ter visto o melhor Manchester United da temporada.

contratação do dia

adrian ramos

Kloppo e o Dortmund já começaram a preparar a próxima época. Os vestefalianos anunciaram hoje a contratação (valores não revelados= do avançado colombiano de 28 anos Adrian Ramos, actual avançado do Hertha de Berlim. Parece-me assim à primeira vista uma excelente contratação. O colombiano encaixa perfeitamente no jogo do Dortmund pela sua rapidez, pela sua interessante capacidade técnica e pela sua aceitável capacidade de finalização (não é tão finalizador quanto Lewandowski mas por exemplo tem outros atributos interessantes como o facto de ser um jogador rapidíssimo nas transições em contragolpe e capaz de se desmarcar muito bem em velocidade nas costas das defesas contrárias) – em suma, Ramos, tem mais ou menos as mesmas características de Jackson Martinez, mas é um jogador tecnicamente mais evoluído e muito mais rápido e ágil. A favor de Ramos também jogou o  facto de conhecer perfeitamente a realidade do futebol alemão (está no Hertha desde 2009) e em particular da Liga Alemã, na qual já apontou 59 golos em 150 jogos realizados. Nesta temporada já leva 16 golos na Bundesliga.

NBA 2013\2014 #53

nowitzky 2

Com os playoffs a caminho (começam no dia no próximo dia de 19; os Phoenix Suns deram um passe de gigante na última semana para serem, de forma surpreendente, os 8ºs da conferência Oeste) este final de fase regular fica marcado por mais três recordes, 2 individuais, de carreira, outro de um jogo da fase regular e pelo fim de um recorde de época.

1. O alemão Dirk Nowitzky entrou para o 10º lugar do histórico ranking de marcadores da Liga. O alemão de 35 anos, jogador dos Dallas Mavericks, detentor de um poderoso fade away shot (a sua imagem de marca), ultrapassou na lista o também histórico Oscar Robertson, considerado por muitos como um dos jogadores capazes de figurar no Mount Rushmore da NBA (a imaginária adaptação para a NBA do memorial construído nos rochedos de Black Hills of South Dakota com a figura de 4 históricos presidentes norte-americanos) com os 21 pontos obtidos na vitória dos Mavs em Utah. Nowitzy tem agora 26714 pontos, estando a 232 da antiga estrela de Houston Hakeem Olajuwon (ainda ultrapassável na presente temporada caso Nowitzky mantenha a sua pontuação regular nos 3 jogos que faltam disputar na fase regular e em 7 ou 8 jogos de playoffs) e a 599 de Elvin Hayes. Dirk é o 2º jogador com mais pontos em actividade. O primeiro é Kobe Bryant (31700) e o 3º é Kevin Garnett com 25614 pontos.

2. O quarentão de Los Angeles Steve Nash tornou-se o 3º jogador da história da liga no capítulo das assistências. Nash passou nesta madrugada Mark Jackson (actual treinador dos Golden State Warriors).

3. No jogo em Nash se consagrou no top 3 do respectivo recorde de carreira, os Lakers averbaram mais uma derrota volumosa. Derrota por inacreditáveis 145-130 contra os Houston Rockets de James Harden. A equipa de Houston apontou 49 pontos no 3º período, máximo de pontos apontados por uma equipa num período já que estamos numa de recordes. A equipa de LA somou o 3º jogo desta temporada a sofrer mais de 130 pontos. A equipa de Houston ganhou a Oklahoma no fim de semana num jogo que ficou marcado pelo record obtido por Kevin Durant. O extremo de OKC bateu um velhinho record obtido nos anos 90 por Michael Jordan: 41 jogos consecutivos a marcar 25 ou mais pontos.

4. O record de Durant terminou ontem. O jogador da equipa orientada por Scott Brooks apenas somou 23 pontos na vitória de Oklahoma frente aos Sacramento Kings.

2. Meanwhile in Detroit…

Dumars

Dumars 2

O histórico jogador e actual general manager dos Detroit Pistons Joe Dumars, poderá renunciar ao cargo que ocupa no final desta semana. Já tinha abordado aqui neste blog o facto de, para Detroit, esta ser uma temporada decisiva. Os Pistons tem sido desde o desmembramento da geração campeã em 2004 (Rashid Wallace, Ben Wallace, Richard Hamilton, Antonio McDyess, Tayshaun Prince, Chauncey Billups) uma das equipas que mais prejuízo dá dentro da liga. Ao prejuízo somam-se os péssimos resultados obtidos nas últimas 3 épocas (últimos lugares da conferência este na fase regular) e um rebuild lento e pouco eficaz face às ambições conhecidas dos Pistons: um franchise pretendente ao título da NBA pelo menos numa época por década.

Face a um crónico défice de bilheteira registado no Palace of Auburn Hills (como bem sabemos, a cidade de Detroit está perto da falência e conta neste momento com milhões de desempregados e com várias partes da cidade parcial ou totalmente desertificadas) a presidência da equipa apostou tudo este ano para chegar aos playoffs com as entradas de Brandon Jennings, o italiano Gigi Datome (via draft) e Josh Smith para uma equipa epicentrada nos postes Andre Drummond e Greg Munroe. Os próprios bilhetes para os jogos dos Pistons em casa eram oferecidos a preço de saldos. Cheguei a ver a meio da temporada, entradas individuais a 8 dólares e colectivas de 8 pessoas a 70 dolares com várias ofertas. A equipa ainda chegou a ameaçar a possibilidade de ir aos playoffs na primeira metade da época mas, na 2ª metade, sucumbiu. O presidente da equipa Tom Gores crê que está na altura de renovar os seus quadros directivos. Como nos últimos anos, Gores tem perdido imenso dinheiro na equipa, não há coisas de coração (Dumars é um dos consagrados de Detroit tanto como jogador como na pele de dirigente) que resistam a um mau investimento.

4. O segredo de Greg Popovich. Bom artigo escrito na Bleacher Report.

O segredo de Popovich é a escolha de um grande jogador por geração, assegurando a equipa que esse jogador é um jogador de franchise. Fazendo uma analogia ao lema do FC Porto, Popovich quer um jogador à Spurs. Como David Robinson, Tim Duncan, Tony Parker, Manu Ginobili ou agora Kahwi Leonard por exemplo. Ou seja jogadores com características de sucesso, prontos a vencer a qualquer momento, reservados, trabalhadores, respeitadores das suas regras (em San Antonio a coisa funciona assim: Se Pop diz x, é x e ninguém ousa contrariar Pop porque toda a gente sabe que Pop sabe bem aquilo que faz) e tecnica e defensivamente evoluídos. Não é por acaso que San Antonio é uma das raras equipas do Oeste que defende tão bem ou melhor que as habituais grandes defensoras da Liga, as equipas da Conferência Este.

Da Champions #19

Este seria um dos dias em que eu gostaria de ter o dom da “ubiquidade televisiva” para poder ver com atenção os dois jogos disputados. Acabei por ver pedaços dos dois jogos, com maior incidência para o Borussia de Dortmund vs Real Madrid a partir do 2-0. No entanto, aqui ficam algumas das ilacções que fui tirando do que vi das duas partidas:

Chelsea vs PSG

  • A ausência de Zlatan Ibrahimovic. O PSG sentiu de que maneira a ausência do sueco, apesar de, sem ele, continuar a ter uma equipa muito bem montada e com um futebol bastante interessante. Thiago Motta soube aliar a inteligência ao físico e ao seu irrepreensível posicionamento. Matuidi continua a trilhar a sua evolução. É o pulmão desta equipa. Preenche de que maneira o meio-campo dos parisienses e já se sente bastante confortável na manobra ofensiva da equipa. Verrati é um poço de talento. No entanto, faltou ali no último terço do terreno o toque mágico do sueco, tanto a criar para si como a criar para Cavani. O Uruguaio esteve um tanto ou quanto solitário na frente. A lesão do sueco complicou a vida de uma equipa que sabia que tinha que marcar em Stamford Bridge para poder seguir em frente.
  • O futebol a toda a largura do terreno do Chelsea com um cavalão chamado André Schurrle. Está um senhor jogador. A segurança defensiva demonstrada novamente por Azpilicueta facilitou bastante a tarefa do alemão e de Willian quando o brasileiro caiu no flanco esquerdo. David Luiz deu conta do recado. Incansável perante um meio-campo parisiense em superioridade numérica. O brasileiro não se negou à batalha e assegurou quase sempre bem as transições da equipa de Mourinho. Oscar fez a exibição do costume. Pragmatico a pensar e a executar, impecável no capítulo do passe. O alemão foi novamente a alma na equipa. Fez meia dúzia de arrancadas de sonho, partindo sem medo contra a defensiva parisiense. Teve o mérito de tocar o sinal de alarme quando marcou o golo inaugural e poderia ter dado a cambalhota no marcador no início da 2ª parte quando atirou à barra da baliza de Salvatore Sirigu.
  • Dois momentos fulcrais: Conheço Demba Ba e Cavani como pontas-de-lança possantes (o uruguaio melhor tecnicamente, repentino e mais virtuosista que o eficaz avançado senegalês, homem de último toque) e eficazes. No jogo de Stamford Bridge, o primeiro poderia ter dado o xeque-mate na eliminatória quando aos 78″ na cara de Petr Cech atirou por cima da barra da baliza defendida pelo checo. O segundo, dado várias vezes como dispensável pelos Blues foi o herói improvável de uma eliminatória na qual o PSG sai de cabeça erguida, muito em virtude do banho de boca agraciado aos Blues nos primeiros 20 e últimos 20 minutos do jogo do Parc des Princes.
  • Heróis precisam-se. Marquinhos poderia ter executado um autêntico golpe de teatro no último minuto da partida quando obrigou Petr Cech a uma defesa que valeu por um golo. A jogada é brilhante. Desde a abertura a rasgar (de Lucas Moura rodeado por 4 adversários junto à linha lateral? emendem-me se estiver errado) para a entrada de Maxwell pelo flanco direito e pela solução trilhada pelo brasileiro no passe para o seu compatriota, numa altura do jogo em que, teoricamente, qualquer jogador, cego por um nicho concedido pelos adversários para almejar a baliza adversária, tenderia a rematar sem critério à baliza. O brasileiro colocou a bola na gaveta mas o checo foi lá buscá-la e assim garantiu a passagem da turma de Mourinho às meias.

Uma lição que Ancelotti jamais deverá esquecer. Podiam ter sido meia dúzia se não fosse São Iker Casillas, o dito suplente que costuma brilhar neste tipo de momentos. Convem relembrar que Klopp jogou sem algumas peças chave na engrenagem da equipa como Schmelzer, Ilkay Gundogan, o polaco Kuba (desculpem lá mas não gosto nada de ter que ir fazer copy paste do apelido do dito cujo)

  • Marco Reus. Elegantíssimo. Dois golos resultantes de duas falhas defensivas da defesa madrilena. A que provocou o 2º golo do médio alemão não deveria acontecer nem num jogo de iniciados. Quando a eliminatória parecia morta, os dois golos do alemão catapultaram a equipa de Jurgen Klopp para a sua melhor exibição da temporada.
  • A dialéctica Kirch\Jojic-Mhkytarian-Reus – O primeiro assumiu uma postura mais defensiva perante um Real Madrid que, exceptuando em um ou outra aceleração de Modric no miolo, teve dificuldades em sair a jogar. O sérvio foi incansável. Prova de que o futuro da equipa da Vestefália poderá passar e muito pelos seus pés e pelo seu enorme espírito combativo. Os dois procuraram Mkhitaryan, que, por sua vez, teve o condão de acelerar o jogo e procurar a grande referência da equipa Marco Reus. Encadeamento lógico do futebol ofensivo da equipa de Jurgen Klopp. Mesmo a perder na eliminatória, a equipa germânica nunca perdeu a compostura e nunca se deixou vencer pela ansiedade, procurando construir jogadas com princípio, meio e fim. O alemão jogou bonito mas simples. Combinou de forma fantástica com Kevin Grosskreutz, e, apesar de encostado à esquerda (como gosta) pautou o jogo do Dortmund como quis com as suas fantásticas acelerações em drible e com os seus venenosos cruzamentos para a área.
  • Pepe – Vingou-se do poker de Robert Lewandowski na eliminatória disputada em 12\13. Obrigou o polaco a ter que vir buscar jogo muito atrás. Não quero com isto dizer que o polaco não faça este tipo de movimentações muitas vezes porque de facto faz. Na área, conseguiu segurar o intenso jogo posicional do polaco. Imperioso no jogo aéreo. Falhou apenas em dois ou três lances. Num deles, em conjunto com Sérgio Ramos, deixou Mhkytarian solto na área com possibilidade de fazer o 3-0. Valeu a arrojada defesa de Iker Casillas ao remate à queima roupa do armeno.
  • Sem Ronaldo, o ataque merengue esteve na maioria das vezes desinpirado. Só nos últimos 15 minutos é que o Real conseguiu criar perigo. 2 remates fortíssimos de Benzema, outro de Bale (defendido com pompa por Weidenfeller), 1 saída arrojada de Weidenfeller a Bale e um remate colocado de Isco na esquerda. Todos estes lances aconteceram numa altura em que o balanceamento ofensivo do Dortmund partia por completo o jogo e dava hipóteses aos jogadores madrilenos de colocar rapidíssimos contra-ataques.
  • Um estratega chamado Modric e um incansável Carvajal. O terreno do Signal Iduna Park (Westfallen Stadium) foi o principal inimigo da equipa madrilena. Várias foram as ocasiões de jogo em que denotei que os jogadores do Real tiveram muitas dificuldades para ter a aderência ideal ao estádio da equipa germânica. Como quem diz, escorregaram bastantes vezes. Tal facto teve os seus custos. Os jogadores do Dortmund foram muito mais rápidos na sua forma de jogar e na forma em que como abordavam defensivamente as tentativas de circulação que Modric, Xabi Alonso e Isco tentavam desempenhar. O croata esteve ao seu nível. Uma autêntica formiguinha. Incansável defensivamente, brilhante nas transições em velocidade, com a capacidade de passe e visão de jogo que lhe é tão característica. O lateral fez a melhor exibição da época. A missão que teve em mãos foi dura: Durm e Grosskreutz e um tendencial posicionamento de Reus naquele flanco não é pera doce para nenhum lateral. Ainda para mais, Carvajal voltou a contar com o auxílio defensivo de Gareth Bale a espaços durante a partida, cabendo a Modric fechar aquele flanco quando o galês não tapava o flanco. Certinho a defender e a atacar, Carvajal foi ao limite das suas capacidades. Para quem acusava o antigo lateral do Bayer de Leverkusen como um péssimo defensor, creio que hoje, este deu mostras que afinal não é tão mau defensor quanto o pintam. Com um punhado de excelentes desarmes no seu flanco a Grosskreutz, impediu que o ala do Dortmund criasse ainda mais perigo para a equipa alemã.
  • Um Casemiro muito verde. O brasileiro andou a bater em tudo o que mexia. Sempre fora dos timings. Nesta altura da temporada, a destreza de Khedira faz muita falta a este Real.
  • Heróis precisam-se. São Iker sabe muito bem o que é ser herói. No primeiro golo de Reus deu uma fífia de todo o tamanho. Aquelas saídas malucas dos postes à lá Casillas. Emendou na 2ª parte com 2 paradas do outro mundo: uma Mhkytarian, outra a outra a Grosskreutz numa grande jogada cujo obreiro foi o polaco Piczczek quando o Dortmund encostava por completo o Real Madrid às cordas.
  • A sorte, a mãe de todos os campeões – Na primeira parte, Henrikh Mkhytarian atirou ao lado. Na segunda parte fez tudo bem e acertou no poste. Na recarga Grosskreutz amarelou (na mesma pigmentação do amarelo da camisola do clube) e atirou por cima. Se estas bolas entram (fariam 0 3-0) seriam o KO do Real na competição.
  • A defesa de Weindenfeller ao penalty marcado por Angel Di Maria. O argentino escorreu e o alemão aproveitou. Se o antigo jogador do Benfica tem aproveitado a oportunidade construída por Coentrão na esquerda, o Real teria selado ali o apuramento para as meias-finais. O argentino desperdiçou, o Dortmund galvanizou-se e o Real teve que sofrer.

a entrevista de Figo ao Gazzetta Dello Sport

No dia em que o novo investidor do Inter, o indonésio Erick Thorir afirmou que Mazzarri é para ficar. Figo não tem totalmente razão: o Inter de Milão não tem que mudar o chip. Tem que criar o chip. O clube milanês encontra-se desde a saída de Mourinho sem uma aparente estratégia a médio prazo, incapaz de conseguir ressuscitar do marasmo experimentalista a que se tem votado nos últimos anos. Sou daqueles que defende que os actuais valores presentes no Meazza poderão dar uma equipa de futuro. A espinha dorsal do Inter (Handanovic, Juan Jesus, Rannochia, Jonathan, Nagatomo, Guarín, Mateo Kovacic, Ricky Alvarez, Hernanes, Rodrigo Palacio e Mauro Icardi; aqueles cujo futuro passará nos próximos anos pelo Meazza; a juntar aos veteraníssos Cambiasso, Samuel, Milito e ao reforço confirmado Nemanja Vidic e aos ascendentes Lorenzo Crisetig, Isaac Donkor, Wallace, Francesco Bardi e Marco Benassi e Marko Livaja) tem asas para voltar a competir pelo scudetto. No entanto falta aqui qualquer coisa, uma vedeta, um ou dois agitadores numa equipa com uma filosofia equilibrada, ao estilo Mazzarri. Hernanes não é esse agitador. Muito pelo contrário. Hernanes é um dos melhores jogadores do mundo em prol do colectivo. O mais próximo que a equipa tem desse tipo de jogador é Ricky Alvarez. Aprecio o argentino pela objectividade que incute no seu jogo, apesar de não ser, nem de perto nem de longe um tecnicista puro. Porém, o argentino e Freddy Guarin são neste momento muito escassos para ambicionar vencer a Serie A.

Superbock! Fresquinha! #94

Continuo a acreditar que as suspensões do Conselho de Disciplina da FPF a presidentes de clubes por declarações ofensivas valem o que valem: um balde de pipocas e mais uns euros para os cofres da FPF. Não é o caso da suspensão aplicada ao presidente do FC Porto. Falou e falou muito bem. A arbitragem de Rui Costa no jogo contra o Estoril na amoreira foi do mais nojento que vimos durante esta temporada.

Ciclismo 2014 #31

fabien cancellara

Ronde Van Vlaanderen – Volta à Flandres, Bélgica – Ontem

O magnífico Fabian Cancellara escreveu ontem mais uma página de história na sua carreira ao ser pela 3ª vez vencedor da prova belga, 5º vitória suiça na prova. Cancellara junta-se assim a um lote de vencedores por 3 vezes no qual estão ciclistas como Johan Museeuw ou Tom Boonen. Boonen esteve presente na prova e ainda tentou dar um arzinho da sua graça.

259 km a separar Osteende e Blankenberg. Pelo meio, dezenas de corridas, segmentos em pavé e uma loucura de corrida, cheia de nervosismo e de aparatosas quedas.

Foi precisamente uma queda que pautou as primeiras das 6 horas de corrida disputadas na clássica Belga, clássica que serve de antecâmara para a clássica dos heróis, para o Inferno do Norte, o Paris-Roubaix, clássica que se irá disputar no próximo domingo. Para todos os leigos em ciclismo passo a explicar: a Paris-Roubaix é uma clássica disputada entre a capital francesa e o mítico velódromo da pequena cidade da região de Pas de Calais (o mais antigo velódromo ciclístico francês) na qual os ciclistas tem que superar cerca de 2 dezenas de segmentos de estrada em pavê (barro e paralelo). A prova contém um nível de espectacularidade enorme pela sua extrema dureza, pelas dezenas de quedas que acontecem e pela diabólica situação de corrida decorrente, com ataques e mudanças de posições constantes ao longo da prova. É uma daquelas clássicas que merece ser vista do princípio ao fim. Para não me alongar mais, voltando à Volta à Flandres…

Foi este o momento mais negativo da corrida. Protagonizado precisamente por um dos vencedores da Paris-Roubaix, o belga Johan VanSummeren da Garmin, um dos candidatos à vitória na prova de ontem. Numa altura em que o pelotão rolava a alta velocidade (km 60), o belga embateu violentamente contra uma idosa que se encontrava sentada à beira da estrada. A senhora está hospitalizada em estado muito grave. O ciclista afirma que o corredor que está traumatizado com o sucedido. Não é para menos.

No momento em que Van Summeren bateu contra a espectadora, na frente, rolava a primeira fuga do dia. 11 ciclistas foram os primeiros a evadir-se à aventura na dura prova belga, quase todos de equipas belgas menos cotadas. O mais cotados na fuga eram o sul-africano Daryl Impey da Orica e o norte-americano Taylor Phinney da BMC. Nas primeiras horas de corrida, sucederam-se várias quedas.  Luke Durbridge (Orica), Yaroslav Popovich (Trek), o duas vezes vencedor da prova Stijn Devolder (Trek) ou Step Vanmarcke (homem que depois viria a atacar na fase decisiva da prova) protagonizaram as quedas mais feias da prova. O experiente ucraniano da Trek também foi literalmente cuspido da bicicleta contra um espectador na beira da estrada.

As quedas foram partido o pelotão em vários grupos. Aproveitando a confusão, Peter Sagan decidiu sair do pelotão, obrigando os Omega (Boonen, Stybar e Terpstra) a trabalhar para o apanhar. À espreita encontravam-se nesse grupo homens como Edvald Boasson Hagen (também tentou atacar a 40 km da meta), Alexander Kristoff (Katusha) Fabien Cancellara, Anulado Sagan, os Omega conseguiram controlar o grupo principal até às mexidas que aconteceram após a colina de Kruisberg, uma das pendentes mais inclinadas do percuso, quando, na sua descida, Greg Van Avermaet (BMC) e Stijn Vandenberg (um dos altões da Omega) atacaram. Resposta imediata de Step Vanmarck e Peter Sagan. Na resposta de Sagan, quem viu a transmissão televisiva da prova pode apreciar as informações que o director desportivo da Cannondale ia dando ao eslovaco, pedindo-lhe que se mantesse em posição intermédia até 18 km da meta, altura em que os corredores iam subir a última grande inclinação do dia, a lendária Oude-Kwaremont. Nessa inclinação, pedia o director da Cannondale para Sagan fazer um dos seus ataques demolidores. Os dois ciclistas rodaram muito bem na frente. Boonen e Terpstra abandonaram a frente da corrida. O primeiro teve inclusive dificuldades em acompanhar o ritmo do grupo principal, cuja perseguição estava entregue a Kristoff e a Cancellara.

Foi precisamente na Oude-Kwaremont que Cancellara viu o cenário perfeito para atacar e colar-se aos da frente. O suiço atacou, Sagan não conseguiu acompanhar, Vanmarcke conseguiu aguentar o ataque do suiço e os dois corredores acabariam por colar-se a Van Avermaet e Vanderbergh nos últimos quilómetros.

Habitual nestas corridas, a constituição do quarteto provocou as habituais danças tácticas com os ciclistas a esboçarem ataques e contra-ataques para poderem vencer a prova. Só a 300 metros do fim, em posição privilegiada para sprintar (na cauda do grupo), Cancellara lançou o sprint e venceu um estafado Greg Van Avermaet em cima da linha de meta. O Belga voltou a falhar o objectivo de vencer uma das 5 maravilhas das clássicas da primavera (Flandres, Roubaix, Liège, Amstel Gold Race, Milão-São Remo) apesar de ter merecido claramente a vitória. Valeu novamente a enorme ponta final de Cancellara. O suiço soube resguardar-se e ler muito bem a corrida, respondendo e atacando no timing correcto aos ciclistas correctos. No final, a excelente posição na cauda do grupo aliada à sua habitual frieza na finalização de etapas, garantiu ao suiço de 33 anos a 3ª vitória na prova e 7ª nas 5 maravilhas da primavera (em 25 participações; 14 pódios).

 

GP Miguel Indurain valverde 4

Neste fim de semana, correu-se em Espanha a edição deste ano do GP Miguel Induraín. Tendo como pano de fundo a Volta ao País Basco (começou hoje), Alejandro Valverde conseguiu a sua 6ª vitória da temporada (depois das vitórias em Murcia, Roma Máxima, geral da Andaluzia e 2 etapas na prova andaluz) depois de bater Tom Jelte Slagter da Garmin. O holandês da equipa Norte-Americana voltou a mostrar a sua apetência para as clássicas. Acredito que o holandês será um das maiores figuras deste tipo de provas a partir da próxima temporada.

Da prova espanhol ficou o excelente resultado obtido por André Cardoso. O português da Garmin foi 4º classificado a 1 minuto e 2 segundos do ciclista da Movistar.

Vuelta a La Rioja

Em Espanha também se correu a Volta a La Rioja. A 54ª edição da prova foi encurtada apenas a 1 etapa, à semelhança daquilo que aconteceu com a Volta a Murcia por exemplo. Marcaram presença na prova espanhola nomes como o sprinter Brett Lancaster (Orica), Igor Antón (Movistar), Michael Albasini (Orica) e as equipas portuguesas da Louletano-Dunas Douradas e Boavista Radio Popular.

Michael Matthews da equipa australiana venceu a prova, batendo ao sprint Francesco Lasca da Caja Rural e Carlos Barbero da Euskadi. O melhor português foi Federico Figueiredo da Radio Popular na 14ª posição.

Volta a Limburg

Moreno Hofland

Vitória para o sprinter da Belkin Moreno Hofland. O Holandês, vencedor de uma etapa no Paris-Nice, 2º na Kuurne-Brussels-Kuurne, bateu Simone Colbrelli da Bardiani e Mauro Finetto da Neri na linha de meta.

Volta ao País Basco – 1ª etapa

contador 3

Alberto Contador começou a ganhar no País Basco. Em Ordizia, pleno coração do País Basco, o espanhol da Tinkoff voltou a provar que está embalado para uma grande temporada. Contador atacou com Valverde na última passagem pela 2ª categoria categorizada entre os 10 e os 7,5 km para a meta, deixou o ciclista da Movistar para trás, aguentou a vantagem obtida na descida e venceu isolado na pequena localidade de 10 mil habitantes.

Péssimo dia para Rui Costa. O português desapareceu das imagens antes da última passagem pela subida de Gaintza, acumulando mais de 4 minutos para o líder. Se por um lado o resultado é péssimo (o Rui fica irremediavelmente afastado pela luta da geral), por outro lado, a péssima classificação justifica-se pelo uso da bicicleta suplente (apesar de ter a medida do ciclista, foi pouco utilizada pelo ciclista; a bicicleta principal do português desenvolvida pela Mérida não chegou a tempo da primeira etapa) e pelo cansaço acumulado no terrível dia de espera ontem vivido pelo português no aeroporto na viagem para o País Basco com atraso de 10 horas no voo. Este resultado irá permitir uma maior liberdade de ataque ao ciclista português nas próximas etapas visto que 4 minutos de atraso para a liderança deverão permitir uma maior probabilidade de ataque sem resposta directa dos favoritos à geral da prova. No entanto, também me parece assertivo afirmar que dentro do pelotão ninguém deixa sair de ânimo leve o campeão do mundo. Quem sabe se poderemos ter o ciclista da Póvoa do Varzim ao ataque já amanhã numa etapa que tem um perfil do seu agrado.

Corrida dominada do início ao fim pela Movistar e pela Tinkoff. Uma fuga com Matteo Montaguti (AG25) foi anulada a tempo do momento das decisões (a última passagem pela 2ª categoria de Gaintza, um autêntico muro com pendentes de 15% e 20% em alguns pontos, em particular nos primeiros 500 metros). Tanto a equipa espanhola como a equipa dinamarquesa colocaram muita gente na frente do pelotão de forma a fazer uma selecção dos candidatos logo nesta primeira etapa. Recordo que esta prova só tem chegada em alto na 4ª etapa na quinta-feira. Mikel Nieve (Sky), Damiano Cunego (Lampre), Cadel Evans (BMC), Michal Kwiatkowski (Omega-Pharma-Quickstep), Yuri Trofimov (Katusha; excelente etapa deste ciclista russo) e Jean-Christophe Perraud (afirmou ontem ter algumas ambições na prova; 1 semana depois de ter vencido a geral do Criterium da Córsega) aguentaram o máximo que puderam. Excelente trabalho da Movistar na aproximação à última dificuldade do dia com um grande trabalho de Benat Inxausti a endurecer a corrida. Até ao momento em que Valverde tentou o ataque logo no início da subida e Contador não só o acompanhou como o ultrapassou com um ataque demolidor.

O espanhol conseguiu 13 segundos de vantagem no Alto da Gaintza para Valverde e 30 para o grupo formado pelos nomes supra-citados, diferenças que se mantiveram aquando da chegada dos ciclistas à meta. Contador sobe defender a vantagem na descida e com a vitória nesta 1ª etapa, ascendeu à liderança da prova.

pais basco

André Cardoso chegou integrado no grupo de Frank Schleck (Trek), Samuel Sanchez (BMC), Robert Gesink (Belkin), Simon Spilak (Katusha) e Tejay Van Garderen (BMC) a 58 segundos de Contador. Os ciclistas da BMC Racing Team foram as maiores desilusões do dia. Pela forma apresentada por Van Garderen na Catalunha, esperava-se que o all-rounder Norte-Americano fosse capaz de acompanhar Contador. O basco, a correr em casa, também esteve um furo abaixo daquilo que costuma fazer na prova.

A etapa de amanhã tem um perfil duríssimo. Os ciclistas costumam catalogar este tipo de etapas de “rasga pernas” pela quantidade de descidas e subidas que o traçado apresenta. Apesar das 4 contagens de montanha estarem posicionadas longe da meta (a de 1ª é a última), após a última contagem de montanha, o percurso é um sobe e desce constante, existindo uma subida de 4 km não categorizada a 5 km da meta.

insólito #4

olhanense

Nem de propósito, tomando em conta o post que escrevi há algumas horas atrás sobre a Olhanense. Não tenho palavras para descrever a situação que se poderá viver em Olhão esta semana. Comparável apenas à situação vivida em Genoa (no Genoa) quando o maluco presidente dos genoveses Enrico Preziozi decidiu (a meio de um tortuosa serie A) despedir Alberto Malesani a meio da temporada, contratar Pasquale Marino por algumas semanas e despedi-lo para contratar novamente Malesani para salvar o clube da descida de divisão.

Giuseppe Galderisi é quem tem menos culpas no cartório. A procissão começou precisamente na temporada passada quando Isidoro Sousa foi buscar o Olhanense Manuel Cajuda para garantir a manutenção num cenário interno de incumprimento salarial perante o plantel. Cajuda sacrificou-se pelo clube da terra, endireitou o barco e com a manutenção praticamente garantida foi despedido por Isidoro Sousa a duas jornadas do fim. Veio Abel Xavier. Pouca experiência e um plantel cuja qualidade deve ser catalogada com um adjectivo simpático como comezinho. Com a chegada de Xavier, chegaram também os empresários italianos. À perna com os sócios, com imensas dificuldades de tesouraria e com a possibilidade de iniciar a época sem um plantel competitivo, capaz de fazer um campeonato tranquilo, Isidoro Sousa caiu no conto do vigário: os italianos prometiam dinheiro fresco e um conjunto de jogadores, quase todos estrangeiros, alguns com alguma experiência, maior parte sem mercado em nenhuma parte do planeta futebol.

És pago com o nosso dinheiro, portanto obedeces às nossas regras…

Pensavam os italianos. Chegaram, viram e viram Xavier vencer nas primeiras jornadas. Puro desconhecimento ou não da realidade do nosso futebol, os ditos começaram a pensar que a montra angariada para os seus activos até poderia ser benéfica para fazer umas vendas. Foram falar com o treinador e pediram-lhe que lutasse pelas competições europeias. O resto da história já a conhecemos: conaisseur da realidade, Abel Xavier sabia que poderia garantir uma época tranquila. Como o próprio disse, mais que isso seria pedir o impossível. Bateu com a porta. Veio Paulo Alves. Desempregado. Pouco tempo aguentou em Olhão. Até que os italianos decidiram contratar o boneco mais à mão, um tal de Giuseppe Galderisi, homem com um percurso interessante enquanto jogador e totalmente desinteressante enquanto treinador. Para o italiano, o desafio de Olhão significava tudo aquilo pelo qual não tinha passado enquanto técnico de futebol: a possibilidade de treinar um clube do 1º escalão de um determinado país. Com Galderisi também vieram mais reforços. E a coisa não melhorou.

insólito #2

já não me lembrava de dois auto-golos de um jogador no mesmo jogo desde o célebre 1-2 do Benfica ao Sporting em Alvalade na temporada 1998\1999 quando Beto, mais propriamente, o central, o ex da boazuda da Filipa de Castro, Roberto de Deus Severo, amedrontou-se com o falido (mas inquebrável e de cabelo incortável) Jorge Cadete, aquele que tinha proferido nos dias antecedentes a esse jogo (o primeiro da carreira contra o Sporting; penso que o primeiro pelo Benfica depois de ter sido contratado ao Celta de Vigo) que ia “comer a relva se fosse preciso”, borrou a cueca e meteu dois secos na nossa baliza, à altura defendida pelo Tiago ou pelo Nélson (penso que já era o Nélson).

P.S: Aconteceu precisamente ao lateral-direito do Reims Aissa Mandi no jogo de sábado frente ao PSG.

insólito #1

Felipe Melo deu show no quente derby de Instambul, vencido pelo Galatasaray por 1-0. Os comandados de Mancini reduziram para 7 os pontos de diferença em relação ao eterno rival, tendo no entanto mais 1 jogo por disputar a equipa de Bruno Alves e Raúl Meireles.

No derby da maior cidade turca, o mítico guardião da selecção turca Volkan Demirel foi a grande estrela do encontro, evitando a goleada dos líderes da prova perante uma autêntica avalanche ofensiva. O árbitro da partida mostrou 16 cartões amarelos e 2 cartões vermelhos por acumulação.

Felipe Melo é um show. O mauzão, outrora bidone d´oro (prémio atribuído ao pior reforço da temporada na Liga Italiana pela imprensa desportiva), outrora jogador que esteve para reforçar a Académica quando ainda alinhava no Brasil (os empresários de Felipe Melo nessa altura da carreira eram os mesmos que forneciam jogadores brasileiros à Briosa; acabaram por colocá-lo na Europa a partir do Racing de Santander), o “romântico”, epíteto pelo qual é conhecido no futebol brasileiro devido às declarações protagonizadas no Mundial 2010 na África do Sul numa conferência de imprensa da selecção brasileira “no campo sou duro mas no amor sou um romântico”, riu-se da expulsão do veterano Emre para depois, ironia do futebol, se rir da sua própria expulsão. Brilhante momento de humor protagonizado pelo trinco brasileiro no relvado da Turk Telekom Arena.

“convite do dia”

celta

Celta de Vigo vs Real Sociedad. Nos míticos Balaídos, estádio onde já fui (na altura vi Celta vs Elche para a 2ª liga espanhola) quando me deu na cabeça ir uma semana à aventura para Vigo quando deveria ter apanhado o comboio para Coimbra. O art work utilizado pelos galegos na sua campanha de marketing (venda de bilhetes para o jogo contra a Real Sociedad; 25 a 40 euros) é simplesmente demais. Os bilhetes são carotes mas não deixa de ser um programa bastante válido para quem viva no Norte do país. Vale a pena ver o brilhantismo da equipa basca in loco.

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Algo me faz acreditar que, descendo à 2ª liga, Belenenses e Olhanense são candidatos naturais à extinção. Se no caso da Turma de Belém, o espectro conjuntural e social em que está inserida ainda me faz crer que alguém poderá, passo a expressão, “por a mão no clube”, ou como quem diz salvá-lo do pior, por outro lado, a Olhanense poderá não ter essa sorte.

As SAD´s modernas (as SDUC´s são para mim neste momento o melhor modelo para os clubes pequenos) abarcam esse tipo de riscos: se os clubes necessitam de se abrir ao investimento privado (capaz de suprir com sucessivos aumentos de capitais as necessidades de crescimento que os clubes vão tendo ao longo dos anos), esse investimento não poderá vir desagregado do factor retorno. O método utilizado tanto em Belém como em Olhão faz-me lembrar o método usado pela família Pishyar em Aveiro: os investidores entram com o capital para pagar os custos operativos, contactam certos empresários para colocarem jogadores a rodar nesse clube, e os dividendos dos jogadores passíveis de venda após período de utilização revertem percentualmente para as partes envolvidas. Enquanto o clube se mantiver num patamar competitivo, ou seja, capaz de servir de montra a certos jogadores com mercado (logo, transferíveis), as despesas estruturais são suportadas através da promessa de lucro. Quando já não forem competitivos, serão abandonados à sua sorte. Assertivo é dizer que os problemas em Aveiro já vinham de trás desde o momento em que Leonardo Jardim abandonou o clube, precisamente ao mesmo tempo em que chegaram as primeiras informações conhecidas sobre o tal iraniano que estava interessado em, literalmente, amortizar todo o passivo do Beira-Mar e investir numa equipa capaz de lutar pela Liga Europa. A descida de divisão na época passada só agudizou a falta de plano que Pishyar, Regala e seus pares tinham para o clube que dirigiam. Curiosamente, Rui Pedro Soares apostou no Belenenses (na temporada passada) num momento da história do clube em que o clube do restelo estava precisamente abandonado à sua sorte. No caso Pishyar, eram os iranianos (e a direcção do Beira-Mar, detentora de 10% da SAD aveirense) os financiadores, Ulisses Santos e Nuno Patrão os empresários dos jogadores cedidos (bem como detentores de partes ou da totalidade dos direitos económicos desses mesmos jogadores) e o esquema baseava-se no argumento supra-citado, ficando ainda a SAD do Beira-Mar, neste caso, Majid Pishyar com os direitos económicos de todos os jogadores dos escalões junior e juvenil.

Esta esquemática tem os seus custos. Tanto Belenenses como Olhanense receberam nesta temporada jogadores vindos das mais variadas paragens. Alguns com qualidade, outros sem qualidade alguma para actuarem no nível competitivo em que alinham. Costumo dizer que na brincadeira, no caso relativo à turma de Olhão, que um italiano a treinar uma selecção do mundo deveria estar a treinar aqueles jogos amigáveis que o Figo e que o Zidane levam a cabo anualmente. Na competitiva Liga Portuguesa, o plantel formado pelo Olhanense e as suas consequentes reformulações no mercado de inverno foi um profundo harakiri.

foto do dia

foto do dia 2

A desilusão personificada no momento de Olivier Giroud no final da partida que sentenciou mais uma derrota do Arsenal na Premier League, desta vez frente ao Everton por 3-0. O final desta temporada está a ser de autêntico terror para os Gunners e principalmente para Arsène Wenger. Vergados às superpotências Manchester City e Chelsea e ao outsider (nada surpreendente; já no ano passado, tinha a crença que com Brandon Rodgers, o Liverpool iria acordar do profundo sono em que estava mergulhado), a equipa orientada pelo veterano francês voltou a confirmar o ditado “muita parra mas pouca uva” – depois de um início fortíssimo de prova que ainda fez sonhar os seus adeptos, o dealbar da temporada de 2014 ditou o natural lugar da equipa londrina na hodierna nomenklatura do futebol praticado em terras de Sua Majestade.

momento do fim de semana

Coube ao modesto Augbsburg, actual 8º classificado da Bundesliga quebrar o record de invencibilidade interno de 53 jogos da equipa bávara na Liga Alemã. Um golo de Sasha Molders aos 31″ numa partida em que Guardiola, mais preocupado com o jogo da próxima quarta-feira contra o United, até deu oportunidade a alguns jogos da 2ª equipa do clube (o defesa esquerdo austríaco Ylli Sallahi, o médio esquerdo alemão Mitchell Weiser e o médio esquerdo franco-dinamarquês Pierre-Emile Hojbjerg) selou o triunfo dos Fuggerstadter sobre a equipa bávara.