O que eu ando a ver #63

O Napoli logrou ser uma das únicas equipas capazes de bater a Vecchia Signora na Serie A desta temporada. 22 jogos depois da última derrota doméstica sofrida pelos comandados de Antonio Conte, precisamente, no Artemio Franchi frente à Fiorentina por 4-2. Perante uma Juve sem ideias, a equipa Napolitana empregou em campo uma enorme solidez defensiva e o melhor da sua transição de jogo.

Apesar das duas equipas estarem separadas por 20 pontos na tabela classificativa (1ª Juve com 81; 3º Napoli com 61 pontos) sempre que a Madonna desce de Turim até à bela baía de Napoli, o ambiente aquece nas hostes parte poi. Indiferentemente das posições ocupadas pelas duas equipas na tabela, dos títulos que se podem conquistar (ou não) na partida em questão, das conjunturas antecedentes das equipas nas vésperas do jogo ou da qualidade dos artistas que vão subir ao relvado com a camisola dos dois conjuntos, um Napoli vs Juve é encarado pelos dois lados como um jogo de vida ou morte. As assimetrias Norte-Sul, a particular rivalidade Norte-Sul existente em Itália (O Norte industrial e rico que apelida os napolitanos de africanos e parasitas; o sul pobre, agrário, com uma enorme taxa de criminalidade que apelida o povo de Turim como corruptos) faz deste clássico do futebol italiano uma espécie de fiel de balança no qual, por duas vezes por temporada, o norte, em particular, a cidade de Turim torce para que a sua equipa mostre em campo o domínio que o orgulho torinese exige nestes momentos e o sul (todo o sul de Itália) creia no Napoli como um veículo capaz de resgatar com o seu futebol o sentimento sulista, tantas vezes inferiorizado e segregado na Velha Itália.

Com um San Paolo em ambiente frenético as duas equipas entraram em campo com trajectos iguais até certo ponto da temporada, diferentes na actualidade. Ambas as equipas foram eliminadas da fase-de-grupos da Champions, tendo caído para a Liga Europa em virtude de terem sido 3ªs classificadas dos respectivos grupos. Enquanto a equipa de Antonio Conte faz contas matemáticas para assegurar o mais rapidamente possível o título italiano de forma a poder encarar os próximos compromissos para a Liga Europa com maior tranquilidade (a final da competição disputa-se este ano no novo Dell´Alpi de Turim) a equipa de Napoli já tem o apuramento para a Liga dos Campeões da próxima temporada praticamente assegurado e, na Liga Europa, foi, como bem sabemos, eliminada de forma categórica no San Paolo pelo melhor FC Porto da temporada.

Nos onzes apresentados, Antonio Conte manteve-se fiel ao habitual 3x5x2 fazendo algumas alterações cirúrgicas no onze que tem apresentado nos últimos jogos da equipa presidida por Andrea Agnelli. Com Carlitos Tevez ausente a cumprir castigo por acumulação de amarelos na Serie A, Conte apostou numa frente de ataque musculada com a inclusão de Pablo Osvaldo ao lado do basco Fernando Llorente. Na ala direita, posição ocupada nas últimas partidas pelo chileno Maurício Isla, Conte fez regressar a “mota suiça”, bem, uma das peças chave da Juve durante esta temporada, um tipo alto, rápido e bom de bola chamado Stephan Lichsteiner. Metade das assistências da Juve nesta temporada sendo que a outra metade pertence a meias a Andrea “lo gatone, lo zingaro” Pirlo e a Carlitos Tevez.

No lado do Napoles, Benitez também se manteve fiel ao seu habitual 4x3x3 com duplo pivot defensivo no meio-campo (incluíndo o reforço de inverno Jorginho ao panzer Inler, mestre de cerimónias do musculado trio de suiços que Benitez dispõe para aquela posição), Marek Hamsik a titular no lugar que tem pertencido, na maior parte da época, a Dries Mertens, Henrique no lado direito da defesa. De resto, tutto equale com Faouzhi Ghoulam na esquerda da defensiva (um achado do Napoli) Federico Fernandez e Raul Albiol no centro da defesa, o tridente de meio-campo supra citado e o tridente ofensivo habitual com Callejón na direita, Insigne na esquerda e “La pepita” Higuaín na frente de ataque.

O experiente Daniele Orsato, candidato à final da Champions e do próximo mundial, foi o árbitro designado pela FIGC para arbitrar o maior jogo da jornada 31 da Serie A.

gigi

Pode-se dizer que o Napoli entrou a todo o gás. A equipa Napolitana apoderou-se da posse de bola logo no início da partida, fazendo a Juve recuar no terreno e aplicar a sua “organizada” (nestes primeiros minutos do San Paolo foi tudo menos organizada) estrutura defensiva com pressão à zona.

Nos primeiros minutos de jogo, o Napoli teve as primeiras oportunidades de golo. A primeira aconteceu aos 4″ quando Gokhan Inler tentou um passe-remate rasteiro com a parte exterior do pé esquerdo de fora da área com um molho de jogadores à sua frente (à espera de surpreender Buffon ora com o toque tenso disferido, ora com a possibilidade do remate ser desviado por Higuaín ou Callejón de forma a trair Buffon) e, depois de um desvio sofrido nos pés de um jogador dos zebrete, a bola caiu nos pés de Callejón que com um toque subtil na bola tentou enganar o experiente guarda-redes de 36 anos. Com reflexos apuradíssimos, o guarda-redes da Squadra Azzurra defendeu a bola e Leonardo Bonucci tratou de a descarregar como pode para a linha final cedendo canto. Do canto, a bola foi inserida dentro da baliza d Juve mas o auxiliar de Orsato decidiu anular o golo. Recapitulando: Callejón bateu para o coração da área com conta, peso e medida, Buffon teve que sair a punhos na pequena área, a bola pára nos pés de Higuaín, o argentino remata contra defensores da Juve e a bola sobra para o moicano Hamsik que empurra para o fundo das redes de Gigi. Contudo, atento, o auxilar de Orsato conseguiu descortinar a posição em fora-de-jogo do eslovaco no momento do remate do seu colega de equipa, apontando assertivamente a irregularidade cometida.

O tridente ofensivo do Napoli não parou por aqui. Com um futebol bem encadeado, denotando-se desde logo a presença de Higuaín nos processos de circulação (recuando várias vezes ao meio-campo para receber jogo e distribuir para as alas ou para Hamsik), a equipa de Benitez tentou surpreender a Juve com uma circulação rápida, capaz de baralhas as marcações e consequentemente capaz de quebrar o bloco defensivo que a equipa de Conte apresenta habitualmente no rectângulo de jogo. Por diversas vezes durante esta temporada, a equipa de Conte encarou este tipo de jogos com uma abordagem inteligente ao jogo: defendendo na retranca quando assim é obrigada, esperando pelos melhores momentos para disferir estocadas mortíferas ora através do contra-ataque, ora através da criação de jogo que é feita essencialmente por Pirlo e Pogba e Vidal nas zonas de construção e por Tevez numa posição mais adiantada do terreno, para depois, aquando da obtenção de uma vantagem, regressar à matriz defensiva inicial. Quando essa disposição táctica pensada por Conte surte efeito, a Juve é imbatível.

Pouco pressionante a meio-campo, a Juve deixou a equipa de Napoli jogar à vontade nestes primeiros minutos. Aos 9″ surge a segunda oportunidade de golo num lance em que Buffon é chamado a intervir pela 2ª vez: Callejón recebe na direita, rasga para a entrada de Henrique no flanco (o brasileiro está a dar-se muito bem com o novo papel; ele que é central de origem), o brasileiro ganha em velocidade a Asamoah (facto raro) e toca para dentro da área para remate de primeira de Marek Hamsik, enrolado para defesa apertada de Buffon por cima da trave.

Acossada, a Juve tentou travar o ímpeto inicial dos Napolitanos. Quase que mecanicamente, os torinese viraram-se para a experiência e para a eficácia (materializada num só corpo, num só par de pés) de Andrea Pirlo. Contudo, apesar de Pirlo ter tentado organizar e colocar ideias no jogo da equipa de Conte, a Juventus não teve muito nexo no seu jogo e esteve longe de ser a equipa esclarecida e objectiva que é.

Ao invés da passividade da equipa de Conte, a equipa de Benitez tentava explorar todas as possibilidades: desde a subida dos laterais (Ghoulam não se fez rogado com a presença de Lichsteiner no seu flanco e subiu muito bem no flanco esquerdo; tem um cruzamento fantástico este internacional argelino) à inserção dos extremos ao 2º poste para aproveitar a subida dos laterais às habituais arrancadas de Insigne pela esquerda. O extremo acelerou o jogo quando quis e teve 3 ou 4 pormenores de classe, recebendo no meio-campo, acelerando, partindo em drible contra Cáceres, tirando 1, 2, 3 jogadores da Juve que se atravessavam no seu caminho. Contudo, o Napoli não conseguiu materializar este domínio na primeira meia hora de jogo.

Só aos 25″ da partida a Juve seria capaz de fazer o seu primeiro remate à baliza quando Pablo Osvaldo tentou trabalhar um 1×1 contra Raul Albiol na área napolitana, perdeu o duelo para o espanhol mas a bola foi parar aos pés de Stephen Lichsteiner que, rematou rasteiro para defesa fácil de Pepe Reina. O suiço foi o único jogador que tentou remar contra a maré napolitana no San Paolo.

O lance de Lichsteiner indiciava algum crescimento da Juve na partida. Sol de pouca dura. 3 minutos passaram para a equipa Napolitana colocar novamente à prova Gigi Buffon num lance em que Insigne trabalha o lance no flanco esquerdo perante a oposição de Cáceres, tenta colocar a bola no centro da área para a desmarcação de Higuaín. Insigne falhou o cruzamento e a bola sobrou para a entrada de Callejón no flanco direito. O espanhol atirou forte e Buffon respondeu com mais uma boa defesa ao remate do antigo jogador do Real Madrid.

Tudo perfeito para a equipa de Benitez. O jogador menos in da equipa napolitana estava a ser Jorginho. Não quero com isto dizer que o antigo jogador do Chievo, contratado em Janeiro tenha jogado mal porque não jogou. Simplesmente foi o jogador com menos destaque na equipa do madrileno Benitez ao falhar muitos passes e perder muitas bolas no meio-campo.

O cântaro tanto foi à fonte…

que inevitavelmente partiu. Aos 36″, o Napoli viria a inaugurar o marcador. Mais uma vez Insigne recebeu a bola na esquerda, colocou-a na área e José Maria Callejón aporoveitou a distracção do seu defensor directo (Kwadwo Asamoah) para inaugurar o marcador, limitando-se a empurrar para o fundo da baliza de um desamparado Buffon que nada pode fazer para travar o toque repentino do espanhol. Grande festa no San Paolo a coroar o 11º golo do espanhol na Serie A.

Até ao intervalo, perante uma exibição irrepreensível da dupla de centrais Napolitana, a Juve haveria de criar a sua melhor oportunidade na primeira parte com Pablo Osvaldo a tentar um pontapé de moinho na área a cruzamento de Stephen Lichsteiner na direita. Na última jogada do primeiro tempo, os jogadores Napolitanos ficaram a pedir grande penalidade num lance em que Chiellini estorvou Gonzalo Higuaín na área. O italiano não tem intenção de derrubar o argentino, limitando-se a estorvá-lo quando este se preparava para rematar à baliza de Gigi Buffon.

Ao intervalo, a vantagem Napolitana era mais que justificada pela atitude dominadora demonstrada nos primeiros 45 minutos.

2ª parte

Antevendo a hipótese da Juventus aparecer no 2º tempo com outra atitude, a equipa de Rafa Benitez começou o segundo tempo com uma circulação de bola lenta de forma a não deixar que os torinese pudessem aumentar o ritmo de jogo e quiçá encostar a defensiva napolitana às cordas. Rapidamente, Pirlo começou a tentar mexer a máquina da equipa de Turim e a equipa de Rafa Benitez foi, de forma inteligente, recuando no terreno, optando por lançar o seu fortíssimo contragolpe por intermédio do seu tridente ofensivo. Por várias vezes na segunda parte, Callejón, Higuaín e Insigne tiveram situações de 3×3 contra os 3 centrais da equipa de Antonio Conte.

Insatisfeito com a prestação de alguns jogadores, Conte tentou abanar a partida. Aos 52″ mexeu nas alas, retirando do terreno de jogo o ganês Asamoah (adversário da selecção Portuguesa no próximo mundial) para a entrada de Maurício Isla. A entrada do Chileno obrigou a uma troca nos flancos, passando Lichsteiner para o flanco esquerdo. Com esta alteração, Conte matou metade do parco perigo da equipa. O suiço não conseguiria ser tão forte no flanco esquerdo como o tinha sido na direita. Muito por culpa da leitura que Benitez fez da alteração, pedindo a Callejón que descesse mais para ajudar Henrique a defender o suiço. Este 3x5x2 da Juventus pode funcionar contra muita gente, até porque os mecanismos da equipa estão treinados para que Tevez caia muitas vezes nas alas e homens com Pogba, Giovinco ou Vidal apareçam por sua vez em zonas de finalização ao lado de Llorente, Vucinic ou Osvaldo. Contra o Napoli, uma equipa que joga com dois extremos muito subidos e bem co-adjuvados pelos laterais, pode-se dizer que os napolitanos estiveram sempre em vantagem nas alas, tanto ofensiva como defensivamente. A entrada de Isla segurou o ímpeto demonstrado por Ghoulam nas suas subidas no terreno mas retirou poder ofensivo à equipa. No miolo, tanto Vidal como Pogba estavam demasiado estáticos, tornando a missão de Inler demasiado fácil.

Aos 60″, não satisfeito com as alterações promovidas, Conte tentou mexer com a construção de jogo da equipa ao retirar Pogba para a entrada de Marchisio. A entrada do 8 da Juve em nada favoreceu a equipa. Poucos minutos depois, Conte mexeu na frente de ataque ao colocar Vucinic ao lado de Llorente em detrimento da saída de Osvaldo. Conte acabou por gastar em vão as 3 alterações. Ao não arriscar uma mudança táctica, não conseguiu realmente arriscar ao ponto de granjear objectividade no jogo da sua equipa. A Juve continuou uma equipa sem ideias na noite do San Paolo.

Numa altura em que a Juve tentava encostar o Napoli à sua área, Benitez decidiu refrescar a frente de ataque com a entrada de Pandev para o lugar de Higuaín. A ideia do treinador espanhol seria lançar a força do macedónio de forma a conseguir estender novamente a partida. O macedónio cumpriu o seu papel. Aos 77″ conseguiu ganhar uma bola a meio-campo e iniciar um contra-ataque, endossando a rasgar para a entrada de Hamsik pelo centro do terreno. O eslovaco, entalado por Chiellini e Lichsteiner podia ter avançado mais com a bola (faltaram-lhe pernas para se isolar) ao invés de ter tentado alvejar a baliza de Buffon de fora-da-área.

mertens

O eslovaco já tinha dado tudo o que tinha a dar na partida. Fantástica exibição do Moicano no San Paolo. Foi o dínamo da circulação de bola do Napoli, o estratega da equipa, o pensador de jogo. Com o seu passe curto, jogou e fez jogar. Com o seu passe longo quase sempre descobriu Ghoulam, Insigne ou Henrique nas alas.

Apercebendo-se do esgotamento físico do seu distribuidor de excelência, Benitez quis dar uma estocada no jogo com a entrada de Dries Mertens para o lugar do eslovaco. Ter este holandês no banco de suplentes é um crime para qualquer equipa. Mertens é efectivamente neste momento um dos melhores jogadores a promover acelerações de jogo no futebol mundial. Na primeira vez em que o antigo jogador do PSV teve a bola nos pés, aproveitou uma transição rápida promovida por Pandev para receber uma transversal da esquerda para a direita do macedónio, “comer de cebolada” Marchisio com uma fantástica contemporização seguida de simulação para enganar o italiano e atirar cruzado à baliza de Buffon que não pode fazer mais do que seguir a bola com os olhos. O Belga foi simplesmente espectacular no 1×1 ganho contra o centrocampista italiano. Com este lance matou claramente o jogo, garantindo os 3 pontos para a equipa napolitana.

O lance de Mertens mexeu com a cabecinha do pobre Chiellini. Na primeira oportunidade, o central da Squadra Azzurra perdeu a cabeça com o irrequieto holandês e numa disputa de bola junto à linha lateral mandou uma patada em cheio na cara do jogador azurro. Daniele Orsato tapou os olhos (o árbitro internacional italiano tentou ser pragmático durante toda a partida, deixando jogar quando as jogadas assim o permitiam, parando o jogo só em situações passíveis de sanção disciplinar) e perdoou a expulsão ao central italiano. Até ao final da partida, com 6 minutos de compensação dados por Orsato, tempo ainda para a fífia do costume de Arturo Vidal. O chileno tentou, como de resto é seu hábito, cavar a grande penalidade do costume. Orsato não foi na cantiga e mandou o chileno levantar-se.

Vitória justa da equipa de Benitez numa primeira parte diabólica na qual a equipa napolitana foi a única que fez pela vida para levar os 3 pontos. Na 2ª parte, o ritmo de jogo diminuiu e as duas equipas protagonizaram um futebol de péssima qualidade. Hamsik (pelo que jogou e fez jogar no primeiro tempo), Faouzi Ghoulam (pela assertividade com que defendeu Lichsteiner e pelo afoito com que subiu no flanco esquerdo com a presença do jogador mais perigoso da Juve no jogo no seu flanco), Lorenzo Insigne (mais um jogão do pequenino mágico de Napoli; fantástico a desequilíbrar ora pelo flanco esquerdo, ora pelo miolo quando foi lá buscar jogo e acelerá-lo através dos seus rapidíssimos dribles) e Dries Mertens (pelo fantástico trabalho individual realizado no lance do 2º golo dos visitados) foram para mim os homens do jogo. A Juve mostrou mais uma vez que é capaz do melhor e do pior. Os últimos jogos realizados (Genoa, os dois contra a Fiorentina) já previam que esta Juve parece estar a perder alguma forma física. A equipa parece demasiado estática, demasiado dependente dos lances individuais de Pirlo e do trabalho que Carlitos Tevez consegue fazer no último terço. Salvaram-se as excelentes performances de Gigi Buffon, Step Lichsteiner e Andrea Pirlo, este último a espaços na partida.

Breve análise a alguns jogos da Liga Europa

1. Eintracht de Frankfurt vs FC Porto – Quem é que seria de apostar que, dois jogadores altamente contestados no reino do Dragão (Licá e Ghilas) seriam os obreiros do apuramento do FC Porto nesta eliminatória contra o Frankfurt?

Jogo de alta rotação com uma intensidade de jogo altíssima. Impróprio para cardíacos.

Depois do pesadelo do jogo do Dragão, o Porto esteve à beira de morrer em Frankfurt mas no fundo do poço, Licá e Ghilas bateram na mola e catapultaram a equipa quando esta mais precisava. O jogo pode ser explicado em traços muito simples: domínio do Porto em quase todos os aspectos do jogo: posse de bola, domínio territorial, ataques e remates. Num jogo muito partido na sua fase inicial, no qual em dois ou três toques os jogadores do Frankfurt conseguiam progredir no terreno e colocar a bola (e muitos homens) no ultimo terço do terreno, os dois golos de rajada da equipa alemã deveram-se mais uma vez a dois enormes erros defensivos dos centrais da equipa orientada por Paulo Fonseca.

A equipa alemã também demonstrou ser fortíssima no contra-ataque. É claro que a velocidade com que as equipas disputaram a partida facilitou a manobra ofensiva da equipa alemã. Tanto Mangala como Maicon fizeram um jogo para esquecer:  o gigantão Meier deu muito trabalho e os centrais falharam por imensas vezes a marcação ao falso número 9 do Frankfurt. Mangala ainda conseguiu emendar os erros cometidos com as duas fantásticas cabeçadas que executou na área do Frankfurt. Logo a seguir ao golo do francês, o Frankfurt poderia ter selado o apuramento naquele estonteante contra-ataque conduzido pela faixa central pelo espanhol Joselu. Valeu a excelente intervenção de Alex Sandro junto da linha de golo. Quando este a 15 minutos do fim fez o 3-2, numa fase em que o Porto, depois de empatar a partida estava mais capaz de selar a eliminatória do que o contrário, pensou-se que era o fim da linha para o FC Porto e quiçá para Paulo Fonseca, apesar deste ter afirmado na conferência de imprensa posterior à partida que o jogo não era decisivo para a sua permanência no comando técnico do clube.

Valeu a força psicológica dos jogadores do clube da invicta. Se com 2-0 no marcador a favor dos alemães, a jogar melhor que a equipa germânica, a equipa portuguesa teve uma enorme capacidade de resposta, 0 3-2 poderia ter sido dificílimo de superar. A capacidade de resposta da equipa de Paulo Fonseca foi o seu maior trunfo nesta partida diante da eficácia dos alemães tanto no 1º jogo como na partida de hoje.

Tranquillo Barnetta – É uma pena o facto do Suiço ter passado ao lado de uma grande carreira. Não lhe faltam capacidades técnicas, capacidade de remate de meia distância e visão de jogo. Falta-lhe alguma velocidade e quiçá, digo eu, um pouco de brio. Ao longo da sua carreira teve todos os ingredientes para ser um dos melhores do mundo na sua posição mas, ou por falta de profissionalismo, ou por medo, ou por qualquer outro factor que por vezes o futebol por si só não explica, acabou por se arrastar por clubes sem grandes objectivos.

joselu

Na equipa alemã, quem me encantou nestes dois jogos foi o espanhol Joselu. Este espanhol de 24 anos, tem um currículo tão banal como centenas de jogadores espanhois. Criado na formação do Celta de Vigo, estreou-se aos 18 anos na equipa b dos galegos e logo despertou a cobiça do Real Madrid que o deixou permanecer em Vigo mais um ano (2009\2010). Em Madrid não teve a sorte do seu lado: fez 40 golos em duas épocas ao serviço do Castilla (72 jogos) na 2ª liga espanhola e apenas um jogo pela equipa principal dos merengues, curiosamente, onde até marcou. Sem espaço no plantel principal dos merengues, escondido no ocaso de grandes estrelas mundiais como Benzema ou Higuaín, decidiu assinar pelo Hoffenheim em 2012. No seu ano de estreia da Bundesliga em 2012\2013 marcou por 5 vezes em 25 jogos. A equipa decidiu emprestá-lo ao Eintracht de Frankfurt, clube onde marcou 3 golos em 10 jogos.

Não sendo um finalizador por excelência é um jogador rapidíssimo, com um sentido técnico muito apurado, rendendo mais nas costas de um ponta-de-lança visto que quando a bola lhe chega aos pés tem remate fácil, consegue criar muitos desequilíbrios no 1×1 e arrancadas a alta velocidade, facto que não só lhe permite muitas investidas individuais no último terço do terreno como são benéficas para que o espanhol arraste um dos centrais consigo e assim consiga não só arranjar espaço livre para os seus colegas como criar jogo para o homem de referência da equipa, Alexander Meier.

Estou seguro que o veremos dentro em breve o veremos a jogar num dos crónicos candidatos às competições europeias da Liga Espanhola (Espanyol, Real Sociedad, Getafe, Sevilla, Bétis).

2. Napoli vs Swansea – Já diz o ditado futebolístico que “quem não marca sofre” – Rafa Benitez igual a si próprio. Se o Napoli é hoje um grande candidato a vencer a Liga Europa tal se deve à mentalidade com que o espanhol encara os jogos a eliminar. Já era assim nos tempos do Valência, clube pelo qual o espanhol venceu a Taça UEFA em 2004 e no Liverpool, clube pelo qual o técnico venceu a Champions logo no ano seguinte, precisamente o ano da sua estreia no comando técnico dos Reds. Livre de encargos no campeonato (neste momento o Napoli é 3º, já não está em condições de lutar pelo título italiano; tem a Fiorentina a 6 pontos e o Inter a 10; não é expectável que os nerazzurri consigam recuperar esses 10 pontos de diferença até ao final da Serie A) a Liga Europa pode ser o tal troféu que a equipa presidida pelo cineasta Aurelio Di Laurentiis tanto procura nos últimos anos.

No Napoli, Benitez apenas se pode queixar do facto de, na fase-de-grupos da Champions, ter sido eliminado por um golo (o de Kevin Grosskreutz ao Marseille nos últimos minutos) – em condições normais de apuramento, ou seja, com a obtenção de 10 ou mais pontos nas 6 jornadas da fase-de-grupos da prova, este Napoli ainda estaria hoje a discutir o apuramento para os quartos-de-final da Champions e não para os oitavos da liga europa. Na história da Champions, só por 7 vezes, equipas que pontuaram 10 ou mais pontos na fase de grupos ficaram de fora da fase final da prova.

Lorenzo Insigne abriu o marcador no San Paolo com um golo de se tirar o chapéu. O Swansea respondeu e na segunda parte, Wilfried Bony teve tudo para poder fazer o 2-1 numa cabeçada no coração da área que Pepe Reina defendeu. Mortífero no contra-ataque o Napoli não perdoou e Higuaín aproveitou um ressalto resultante de uma situação em que um jogador do Swansea tentou aliviar a bola mas esta acabou por bater num dos seus companheiros de equipa e ressaltar para os pés do avançado argentino, que assim quebrou o enguiço pelo qual foi extremamente criticado em Itália no decurso desta época: o facto de falhar imensos golos nos jogos importantes do Napoli. Com o 2-1, a equipa de Benitez tranquilizou, meteu o seu fortíssimo contra-golpe e o Swansea desapareceu da partida. Higuaín falhou o 3-1 na cara do holandês Michael Vorm e minutos depois o suiço Gokham Inler selou a passagem à próxima ronda da prova.

3. Antevisão Napoli vs FC Porto –

O Napoli é uma equipa fortíssima. O ataque dos Napolitanos é assustador. Se a consistência defensiva se deve em muito ao equilíbrio que os musculados “relógios suiços” Behrami, Dzemaili e Inler dão à equipa, daí para a frente, veleidades como aquelas que Maicon e Mangala deram hoje são motivo mais que suficiente para crer que o Napoli resolve tranquilamente no San Paolo com goleada, faça o que fizer o Porto no ataque. Mertens e Marek Hamsik são os grandes playmakers desta equipa: aceleram o jogo como ninguém, põe-no incontrolável, diria mesmo diabólico, assistem, aparecem atrás dos pontas-de-lança a aproveitar todas as segundas bolas e servem um trio de virtuosos: Insigne, Callejón e Higuaín. Se o terceiro está sempre no sítio certo à hora certa, o primeiro é um talento prodigioso que, em perimetros muito curtos, num gesto repentino mete o lateral nas covas e atira a matar. O 2º é fortíssimo no contra-ataque e aparece muito bem na área a finalizar.

Um dos pontos que a equipa portuguesa poderá explorar são as subidas dos laterais. Benitez faz subir muito no terreno tanto o francês Ghoulam como o colombiano Zuñiga como o italiano Christian Maggio. As devidas compensações as alas são feitas pelos suiços. Behrami executa esse papel na perfeição visto que a sua posição de origem é precisamente a de lateral direito. Dzemaili é um todo-o-terreno que joga bem em qualquer posição do terreno. Já Inler é um jogador que combina músculo com skills técnicos. Tanto é capaz de entrar a varrer no miolo como a seguir iniciar uma transição com um passe longo de campo-a-campo. Se Varela e Quaresma estiverem naqueles dias em que conseguem fazer muitas arrancadas em velocidade pelas alas, poderão ter muito espaço para jogar nos seus respectivos sectores.

4 – Benfica vs PAOK – O rendimento de Nico Gaitán tem destas vicissitudes: apesar de estar longe do jogador que era aquando da conquista do título em 2010, de vez em quando o argentino consegue sacar da cartola momentos mágicos. Contra o Sporting na época passada por exemplo, fez aquele pingue pongue maravilhoso com Lima que resultou no golo do avançado brasileiro. Hoje tirou o génio da gaveta e engavetou a bola com classe nas redes do defunto PAOK. O Benfica passa à próxima ronda, onde lhe espera o Tottenham.

Miroslav Stoch e Sotiris Ninis são duas peças muito mal empregues neste PAOK. Não será admirável se os dois pretenderem mudar de áres no final da temporada. Principalmente o eslovaco, muitas vezes relegado para o banco de suplentes por Huub Stevens ao longo desta temporada, quando, é de facto o único jogador capaz de mexer com o ataque dos gregos. O único jogador capaz de se afirmar como o 3º melhor da equipa é precisamente o veterano Lino. Aos 36 anos, o brasileiro ainda dava muito jeito a um dos grandes deste país. Certinho a defender e muito acutilante a atacar, é dos pés do brasileiro que nasce metade do perigo deste PAOK a partir dos seus arqueados cruzamentos. De resto, este PAOK parece a feira das antiguidades: Katsouranis, Maduro, Salpingidis são jogadores cujo prazo de validade futebolístico ao mais alto nível já passou há muito.

 5- Tottenham vs Dnipro – Os londrinos não podem respirar de alívio. Apontava o Dnipro como uma das possíveis equipas revelação do torneio. A equipa de Juande Ramos joga um daqueles futebóis cínicos que só poderemos encontrar nas equipas do leste (Rússia, Ucrânia, Roménia, Bulgária) e guiando-se pelas boas maneiras daquela malta, tem no contra-ataque a sua melhor arma. As equipas ucranianas costumam ser muito complicadas de ultrapassar. Apesar do Dnipro ser uma equipa altamente mecanicizada (vertical) para jogar para as suas duas referências (Eugene Konoplyanka e o nosso conhecido Matheus) tal não chegou para bater o Tottenham de Tim Sherwood. Nos últimos dias, tem-se falado em Inglaterra que o próximo dono da cadeira de sonho em White Hart Lane (cheínha de milhões para investir a sério; visto que o investimento este ano, mal pensado, mal estruturado, foi uma brincadeira de crianças) é Louis Van Gaal. Para Daniel Levy, o presidente do clube londrino, venha quem vier, terá a espinhosa missão de conduzir o clube ao objectivo a que este se propôs nos últimos 3 anos: conseguir lutar pelo título inglês. O clube não irá suportar um novo fracasso na próxima temporada.

6 – Antevisão do Benfica vs Tottenham – Futebol total. Ataque, ataque, ataque. Será um duelo com desfecho imprevisível. Duas equipas que gostam de jogar ao ataque. Os encarnados detém um ligeiro favoritismo pelo facto de estarem a jogar um futebol lindíssimo no actual momento da temporada e de, estarem altamente moralizados para vencer todas as frentes competitivas onde estão inseridos. Por seu turno, o Tottenham poderá ganhar forças extra para encarar a equipa portuguesa: o apuramento para as competições europeias por via do campeonato irão exigir uma luta permanente até ao final da temporada. A Liga Europa pode surgir neste contexto como um excelente leitmotiv para moralizar os jogadores dos Spurs.

7 – Antevisão Fiorentina vs Juventus – Na minha opinião, este é o grande cabeça de cartaz da próxima eliminatória. Os torinese desmontaram a veterania\matreirice do Trabzonspor de José Bosingwa, Didier Zokora e Florent Malouda em dois tempos. A Fiorentina passeou frente ao modesto Esberg da Dinamarca. A Juventus apanhou 4-2 no Artemio Franchi no primeiro embate que as equipas realizaram para a Serie A. Nesse jogo, a Fiorentina virou um 1-2 para 4-2 em menos de 15 minutos, com destaque para a exibição do agora lesionado Giuseppe Rossi. Rossi está de baixa mas a equipa Viola apresenta na frente Alessandro Matri e o regressado Mario Gomez. Atrás reside uma linha média das mais talentosas da hodiernidade do futebol mundial: Juan Guillermo Cuadrado na direita, Joaquin na esquerda, Mati Fernandez no apoio ao ponta de lança e um backcourt de luxo composto por homens como David Pizarro, Borja Valero, Anderson ou Aquilani.

Para adoçar ainda mais o estudo destas duas equipas, convém referir que os dois treinadores apresentam um dispositivo táctico semelhante, o 3x5x2, apesar de Montella jogar regularmente com um 4x3x3 composto por Modibo Diakité, Nenad Tomovic ou Facundo Roncaglia na direita, Manuel Pasquale na esquerda, Savic e Gonzalo Rodriguez no eixo central, Pizarro, Valero ou Aquilani, Matías ou Aquilani, Joaquin, Cuadrado e Matri ou Gomez.

Aqui o vosso escritor de serviço deverá ir ao Artemio Franchi ver in loco esta eliminatória.

8 – Lyon vs Chernomorets

Só para assinar que Alexandre Lacazette voltou a abrir o livro. Merece muito mais este jovem avançado do Lyon. É um precioso talento numa equipa muito mas mesmo muito fraca.

Nota final para o Ludogorets vs Lazio, para o Red Bull Salzburg.

Quanto à equipa bulgara, a passagem obtida frente aos Laziale não me admira muito. A equipa dos portugueses Vitinha, Fábio Espinho e do galego mais beiramarista que conheço (Dani Abalo) é definitivamente a equipa sensação do torneio. É uma equipa que leva o cinismo futebolístico ao seu cume mais alto. A equipa bulgara, equipa onde para além dos 3 supra-citados, é composta por jogadores como Junior Caiçara (ex-Gil Vicente) Tero Mantyla, Yordan Minev, Cosmin Moti ou Roman Bezjak, ou seja, jogadores desconhecidos na alta roda do futebol mundial, engana muita gente. Todos estes jogadores foram revelação nas suas ligas nacionais em clubes pequenos dessas mesmas ligas. O Ludogorets Razgrad não sabe o que é jogar em casa para as competições europeias. A sua arena não é homologada pela UEFA para as competições europeias, facto que obriga os bulgaros a ter que pedir emprestada a casa do Levski de Sófia. É uma daquelas equipas chatas, chatinhas, que se mete a defender 90 dentro da área se tal for necessário. Raramente se desorganizam, raramente concedem espaços aos adversários, raramente se lançam no contra-ataque com mais de 2 ou 3 elementos, raramente fazem mais do que 5 ou 6 remates à baliza adversária e, last but not the least, raramente saíram de uma partida a contar para a liga europa com uma eficácia de remate baixa.

Poderão complicar a vida a muito boa gente. A começar pelo Valência

O mesmo se pode dizer do Red Bull Salzburg. A equipa austríaca tem a sua maior referência no espanhol Jonathan Soriano. Enganem-se aqueles que acreditam que os nomes ganham jogos. Esta equipa chegou a Amesterdão e aplicou chapa três aos holandeses em meia hora. Limpinho, limpinho. Irão ter o seu teste de fogo na prova frente ao Basileia num duelo entre vizinhos que promete.

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balotelli

Balo chora minutos depois de ter sido substituído (primeira substituição de Clarence Seedorf) no jogo frente ao Napoli. A Gazzetta Dello Sport afirma que Balotelli viveu uma semana de intenso stress em virtude do facto de ter visto reconhecida a paternidade de Pia, a filha que teve com a ex-namorada Raffaela Fico. O jogador pretendia dedicar um golo à criança diante do clube da cidade onde a pequena vive.

Quem acabou por decidir foi novamente Gonzalo Higuaín com 2 golos na partida.

 

Bidone D´oro #11

1. Gonzalo Higuaín redimiu-se do falhanço cometido no sábado para o jogo do campeonato. O Napoli segue em frente na Taça de Itália. Nas meias-finais da prova estarão Fiorentina, Roma, Napoli e Udinese.

2. Em Firenze, a apresentação de Anderson descambou para o torto. Os jornalistas interrogaram o jogador a propósito do nome que irá envergar na camisola (Andow) e das suas escolhas sexuais (ver o vídeo) indiciando que o brasileiro é gay…

Bidone D´oro #4

Começo pelo guarda-redes da Juve Gianluigi Buffon:

Buffon

Depois de ter completado no jogo contra o Livorno 500 jogos na Série A, Gianluigi Buffon somou esta jornada (vitória da Juve por 4-0 frente ao Sassuolo) um record de 730 minutos sem sofrer qualquer golo na prova, facto que se constitui como record da prova.

O jogo da jornada.

Napoli e Inter encontraram-se no domingo no San Paolo para o jogo cabeça de cartaz da 16ª jornada da Lega Calcio. Depois da dolorosa eliminação para a champions em que os Napolitanos deram tudo o que tinham para vencer o Arsenal e apurarem-se para a próxima fase, cumpria aos homens de Rafa Benitez encurtar a distância para a líder Juventus e para a AS Roma (à condição) num jogo contra o renovado Inter de Walter Mazzarri, o homem que conseguiu devolver o Napoli aos primeiros lugares da tabela com o trabalho realizado nas últimas 4 épocas.

Com um fervoroso San Paolo praticamente esgotado (pelo menos nas zonas em que é permitido vender ingressos) Napoli e Inter iniciaram o jogo separados por 4 pontos de diferença: os napolitanos na 3ª posição a 11 pontos da Juventus, os nerazzurri a 4 pontos dos Napolitanos e 1 da Fiorentina que, horas antes, tinha batido o Bologna por 3-0 no Artemio Franchi. Mazzarri voltou ao San Paolo ao som de assobios. Contudo, uma das claques do Napoli deixou uma mensagem de reconhecimento ao seu antigo treinador, que, já em pleno relvado, levantou a mão em jeito de agradecimento.

À partida para o jogo, registava-se um invicto Inter no que toca a jogos fora-de-casa. A equipa de Rolando não perdia um jogo desde o mês de Outubro para a Série A, estando a recuperar lentamente da hecatombe sofrida na época passada na qual não se conseguiu apurar para as competições europeias. Rafa Benitez apresentou 2 novidades no seu onze em relação ao jogo contra o Arsenal, substituíndo na esquerda da sua defesa Pablo Armero por Anthony Reveillère e no ataque Goran Pandev por Dries Mertens. O Holandês esteve incumbido de jogar na posição pertencente a Marek Hamsik, ausente há 2 semanas por lesão contraída no pé esquerdo na 5ª jornada da fase-de-grupos da Champions em Dortmund.
Mazzarri fez 3 alterações na equipa do Inter em relação ao empate caseiro contra o Parma, colocando Rolando a central, Nagatomo como ala esquerdo e Taider no lugar do croata Kovacic.

O jogo iniciou-se com o Napoli a fazer pressão alta. O Inter, disposto no terreno no seu habitual 3x5x2 com Nagatomo na esquerda, Jonathan na direita, Cambiasso no centro e uma dupla de médios ofensivos composta por Ricky Alvarez como interior esquerdo e Guarin como interior direito não conseguiu ter grande jogo nos primeiros minutos de jogo. Já o Napoli, no habitual 4x3x3 com os 2 extremos (Callejón e Insigne) a trocarem várias vezes de flanco tentou desde cedo não deixar o Inter pousar o jogo no chão e assim assumir o jogo.

Primeiro apontamento: Aos 5″ Esteban Cambiasso bombeou a bola para a área do Napoli onde apareceu Rodrigo Palácio (fixo na área; Taider flectiu mais para o flanco direito) a cabecear por cima da baliza de Rafael. 1 minuto mais tarde seria o centrocampista a desperdiçar dentro da área um cruzamento de Yuto Nagatomo. O Japonês haveria de estar muito interventivo durante toda a partida, principalmente na 2ª parte onde foi o mais inconformado com a derrota do Inter.

O Inter ameaçou e o Napoli marcou. Aos 8″ Gokhan Inler tenta um passe longo para a área à procura de Callejón. Nagatomo corta de cabeça mas coloca a bola nos pés do letal Gonzalo Higuaín: o argentino, sem marcação, atira de pé esquerdo para o poste contrário, inaugurando o marcador para os homens da casa. O Napoli ganhou balanço. Não deixando o Inter jogar (Cambiasso andou a apagar fogos no meio-campo nos primeiros 25 minutos) os Napolitanos balancearam-se em busca do segundo: aos 10″ Mertens rematou à figura de Handanovic. O Belga esteve imparável durante a primeira parte. O Inter só haveria de reagir aos 21″ com um remate de Fredy Guarín à figura de Rafael.

Segundo apontamento: 25″ – Lorenzo Insigne remate com estrondo ao poste após jogada de contra-ataque. Com a jogada de Insigne, viria o melhor Inter da partida. Jonathan começou a mexer-se mais na direita e em conjunto com Taider e Guarín tentou tirar partido do desacerto táctico napolitano. Muito desapoiado defensivamente, Reveillère foi incapaz de suster o jogo que a equipa de Mazzarri foi provocando naquele flanco. Depois de uma combinação entre o argelino Taider e Rodrigo Palácio num livre descaído à direita que iria resultar num remate por cima da baliza de Rafael, viria o golo do empate: Guarín trabalhou a bola na direita, cruzou para área, Palácio fez um espectacular túnel, Ricky Alvarez ajeitou para a esquerda e com o gesto encontrou Esteban Cambiasso sozinho a facturar para os nerazzurri.

Terceiro apontamento: O Inter passou a pressionar mais à frente. O Napoli reassumiu bola. No centro do terreno, o relógio Suiço (Gokhan Inler e Blerim Dzemaili) vestia o fato macaco. O primeiro a 6 com os seus maravilhosos e certeiros passes longos. O 2º mais à frente no terreno. Seria Dzemaili a provar o 2º golo dos Napolitanos aos 38″. Solicitado por um passe de génio de Lorenzo Insigne, ganhou a batalha com Andrea Ranocchia e preparou caminho para um fantástico remate de meia distância de Dries Mertens. Típica jogada de contra-ataque dos napolitanos a desempatar o jogo.

Quarto apontamento: O Inter reagiu rapidamente e 2 minutos depois teve razões para se queixar da arbitragem. Palácio é empurrado na área por Maggio. O árbitro da partida marcou falta a favor do Inter.

Quinto apontamento: Na sequência do jogo, Mertens pegou na meia bola a meio campo, fez uma cavalgada até à área e chutou para defesa para a frente de Handanovic. Na recarga apareceu Dzemaili a empurrar para o 3-1. O Suiço tornou-se assim fulcral na vitória do Napoli. Exibição deste prodigioso 8 suiço, um jogador que considero tacticamente perfeito e que é o verdadeiro equilíbrio da equipa napolitana orientada por Rafa Benitez.

Não demorou muito até que o Inter respondesse. Jonathan tenta o cruzamento da direita, Guarín intercepta a bola e depois atira cruzado para o 2º poste onde aparece Yuto Nagatomo a empurrar livre da marcação de Maggio.

Com o San Paolo em polvorosa com este fecho de primeira parte, o jogo foi para o intervalo com o resultado de 3-2. Esperava-se uma 2ª parte de altíssimo nível.

Sexto apontamento: Ascendente do Inter no início da 2ª parte. Inter com mais bola e com mais vontade de procurar criar situações que permitissem o golo do empate. Contudo, uma entrada de Ricky Alvarez sobre Dries Mertens haveria de (mais tarde) travar as ambições dos homens de Walter Mazzarri. Os primeiros minutos da 2ª parte haveriam de marcar a parte mais faltosa do jogo.

Aos 48″ Mertens continuava as suas cavalgadas no meio-campo do Inter (sem que um dos centrais da turma milanese saísse ao seu encontro; nestas situações, sempre que pegou na bola, o antigo jogador do PSV fez magia; está a revelar-se a melhor contratação que o Napoli fez esta temporada). Nesse minuto haveria de colocar a bola na área a jeito do toque mortífero de Higuaín. O argentino seria antecipado por Rolando num corte na hora h. O Inter subia o ritmo. Ricky Alvarez e Taider mais encostados ao flanco direito. Ambos tentaram combinar com os seus laterais. Guarín totalmente ao centro a distribuir jogo como bem sabe fazer. Yuto Nagatomo tentou de meia distância numa flexão para o centro em combinação com Rodrigo Palácio.

Sétimo apontamento: O Napoli conseguiu travar o ímpeto do Inter. Aos 58″ Callejón chutou de meia distância. A bola foi desviada por Campagnaro mas saiu pertíssimo da baliza defendida por Handanovic. Mazzarri resolveu mexer na equipa trocando Taider por Matteo Kovacic. Voltando à estratégia inicial, colocou Ricky Alvarez mais próximo de Rodrigo Palácio e reforçou o meio campo com Guarín mais à esquerda e Kovacic na direita. O croata não conseguiu entrar bem no jogo até porque a seguir Ricky Alvarez seria expulso por acumulação de amarelos depois de cortar uma bola com o braço.

Aos 65″ e ainda antes da expulsão do antigo jogador do Velez Sarsfield, a grande oportunidade que o Inter dispôs para empatar a partida. Jonathan faz uma das suas arrancadas pela direita, cruzando rasteiro para Fredy Guarín que na frente de Rafael permitiu uma fantástica defesa do antigo guardião do Santos. Defesa do jogo para o brasileiro numa altura em que o Inter justificava o empate.

Oitavo apontamento: A partir da expulsão o Inter tentou arriscar o tudo por tudo frente a um Napoli que tratou de aplicar a receita que habitualmente aplica nestas situações e que de resto permitiu à equipa vencer em Firenze esta época: fechar-se lá atrás e sair com poucas unidades para o contragolpe sempre que possível.

Aos 75″ Benitez trata de tirar Higuaín para reforçar o meio-campo (estava a perder com a ascenção de Guarín no jogo) com a entrada do 3º suiço, de seu nome, Valon Behrami. Callejón ficou como homem mais adiantado e Dzemaili foi ocupar a sua posição na direita. Mazzarri responde minutos depois com a entrada de Mauro Icardi. Até que Callejón aparece no seu spot ao 2º poste a empurrar um cruzamento remate de Lorenzo Insigne depois deste trabalhar uma jogada individual no 1×1 contra Campagnaro. Como é hábito na sua carreira, o espanhol aparece a matar a partida.

Nono apontamento: Aos 88″ Benitez coloca Pandev em campo. O macedónio entra e segundos depois sofre falta dentro da área. Justíssimo penalty que o macedónio pediu para marcar. Brilhante parada de Handanovic ao penalti de Goran Pandev.

Resultado final de 4-2 num dos melhores jogos da Serie A desta época. Vitória justa para o Napoli pela forma cínica como encarou a partida. Boa exibição dos jogadores do Inter que apenas pecou pelos minutos em que toda a equipa esteve “ausente” da partida: os primeiros 25 minutos da primeira parte e os minutos que culminaram no 2º e 3º golo dos Napolitanos. Mazzarri tem nota positiva para já. Com meia dúzia de remendos está a conseguir construir uma equipa capaz de dar passos maiores no futuro.

A fechar:

Empate entre Milan e Roma, ontem, em San Siro. 5º empate consecutivo dos Gialorossi após 11 triunfos seguidos na Liga. A Roma está a 5 pontos da líder Juventus.

Para a semana temos um sempre escaldante Inter vs Milan.

Da Champions #5

Confesso que fiquei com alguma pena deste resultado do FCP.

1. É dado assente que a equipa não está a produzir o futebol a que nos habituamos a ver no clube. Falta muita coisa a este Porto para ser o grande Porto. À cabeça, faltam extremos que sejam capazes de produzir jogo para o ponta-de-lança que a equipa dispõe. Quando os grandes extremos do Porto (ainda ontem se viu pelas constantes subidas de Danilo e Alex Sandro) são os laterais, penso que está tudo dito quanto a esta questão. Daí advém o facto de Paulo Fonseca ser (quase) obrigado a colocar Josué numa das alas. Mais uma vez viu-se que o médio do Porto sempre que pode foge para o centro, posição do terreno onde se sente mais confortável. As más decisões de Paulo Fonseca derivam desse problema: para se jogar em 4x3x3 é necessário que se disponha de dois extremos com qualidade de 1×1 e cruzamento, matéria que Fonseca não dispõe. Necessita de um bom 8, posição para a qual Fonseca tem matéria-prima em abundância (Josué e Lucho) e de um 10 desiquilibrador pelo miolo, posição que no futuro sei que irá ser ocupada pelo jovem Quintero, ainda tenrinho para estas andanças.

2. Por esclarecer continuam as posições e tarefas que Herrera e Defour deverão ter no terreno. O mexicano já jogou ao lado de Fernando contra o Zenit no Dragão e deu-se mal. Fonseca avançou-o ligeiramente no terreno e o mexicano tarda em pegar de estaca. Enquanto João Moutinho tinha a facilidade de, ofensivamente, pautar todo o jogo do Porto e defensivamente formar o primeiro bloco de pressão\oposição à equipa adversária, o mexicano passa jogos atrás da bola sem conseguir acertar com um opositor e quando tem bola não tem qualquer tipo de rasgo ou capacidade de construir jogo.

Quanto ao Belga, tanto Vitor Pereira como o seu sucessor tentaram (sem exito) recuar o médio. Já foi 6, já foi 10, já foi ala no lado direito e ainda não foi aquilo que era no Standard de Liège: um 6 puro, um jogador para jogar ao lado de Fernando, um médio de trabalho que também é versátil ao ponto de se incorporar no plano ofensivo e ter bola nos pés.

3. Custou-me ainda mais ver a eliminação do Porto sabendo que o Áustria de Viena estava a golear o Zenit. Este Zenit foi sem sombra de dúvidas, o elo mais fraco deste grupo. Vi 5 jogos dos russos. É uma equipa sem fio de jogo num tosco 3x5x2 onde poucos se salvam. As excepções à regra são Hulk, Danny, Kerzhakov, Shirokov, Ansaldi e Lombaerts. Resumidamente, é uma equipa que, na ausência de Shirokov (o maestro de orquestra) e Danny (um dos afinadores dos instrumentos) apenas consegue tocar música para Hulk. Prova disso foram os 3 jogos caseiros que realizaram. Tanto contra o Áustria, como contra Atlético e Porto, a equipa virou-se sistematicamente para Hulk e passou o jogo a endossar bolas para o brasileiro resolver. A espaços apareceu o perigoso Arshavin no contra-golpe (contra o Atlético por exemplo) mas, o internacional russo, já não é jogador para estas andanças.

4. Voltando ao jogo de Madrid. 4 bolas na barra é dose. Danilo e Alex Sandro galgaram quilómetros mas Jackson nunca se conseguiu superiorizar aos centrais do Atlético. Josué meteu pena. Principalmente na primeira-parte quando derivou quase sempre para o miolo. Não coloco sequer a questão do penalty porque foi bem defendido por Aranzubia. Licá continua uma lástima. Mais um erro de Fonseca. Na esquerda não rende. Os centrais do Porto estão por deveras intranquilos. Mangala continua a perder imensas bolas em zona proibida. Do outro lado, vimos aquilo que se esperava: a equipa de operários de Simeone, a defender num bloco muito baixo, com uma agressividade muito acima da média, de forma eficaz e a sair em contra-ataque sempre que possível de forma cautelosa com poucas unidades, sempre à procura do target-man Diego Costa. A equipa que apanhar o Atlético na próxima fase terá que deixar sangue e suor no campo para eliminar esta fantástica equipa de Simeone.

5. In and Out –

In – O médio Oliver Torres. Já o tinha visto nos minutos que jogou no Petrovski. Irá ser (sem peneiras) o próximo Jogador Espanhol. Aos 17 anos já é habituée dos sub-21 espanhóis. Grande técnica individual.

Out – David Villa. Gordo. Pachorrento. Maçado por lesões. Não é nem por sombras o agressivo e incisivo Villa que conhecemos no auge da carreira.

6. Por último, o Áustria de Viena. Estes austríacos estrearam-se na versão moderna da Champions com boas exibições. Melhores que a do Zenit na minha opinião. Bateram-se taco-a-taco contra Porto e Zenit, fazendo das suas tripas coração. Muito limitados no plano técnico, procuraram um jogo directo para o seu ponta-de-lança Hosiner. Lá na frente, este austríaco descendente de pais croatas deu água pela barba a todos os centrais das equipas adversárias. Rápido, bom de bola e bom finalizador. Tem 24 anos e pelo que estive a pesquisar está em carreira ascendente (começou na 2ª equipa do TSV Munique 1860 e desde aí passou pelo Sandhausen da 3ª liga alemã que o catapultou para a Liga Austríaca, onde alinhou durante 2 anos no First Vienna e no Admira Wacker antes de chegar no verão de 2012 ao Áustria). Leva 35 golos em 44 jogos pelo Áustria nesta época e um terço vá. Antes disso já tinha apontado 28 pelo First Viena\Admira Wacker. É jogador para equipas de gama média alta do futebol europeu.

7. Já que estamos a falar de austríacos – Li algures na imprensa desportiva que o “Porto necessita de um jogador em Janeiro que pegue de estaca como pegou por exemplo Marco Janko” – já não me lembro se li isto na Bola ou no Record de ontem. Se Marco Janko pegou de estaca no Porto de 2011\2012 vou aqui e já venho. Tanto pegou de estaca que foi logo despachado no verão seguinte.

Se quisesse embarcar nas habituais teorias da conspiração, diria que este golo foi a mais pura retaliação da Gazprom às acções activistas que a Greenpeace está a levar a cabo no palco mediático da Champions contra a empresa russa. Sem menosprezo do grande jogo que me parece ter feito o Schalke pelos resumos que vi da partida.

Escrevi aqui há uns tempos que Platini largou a ideia de se gravarem as conversas dos 5 árbitros durante os jogos da Champions. Fico espantado como 5 almas não viram tantos jogadores do Schalke 04 acampados aquando do passe, onde se incluía obviamente o teuto-camaronês Joel Matip. Mais uma decisão de arbitragem (europeia) que deixa a desejar e que silenciou por completo qualquer resposta que o Basileia poderia dar na partida para evitar a passagem dos alemães aos oitavos-de-final. Pelos jogos que o Basileia fez na fase de grupos, em particular os dois contra o Chelsea, bem que mereceu o apuramento. Contudo, o Basileia também se deve queixar da miséria exibicional que teve nos jogos contra o Steaua de Bucareste.

A pergunta prévia para iniciar a escrita sobre este jogo é: quantas vezes viste uma equipa fazer 12 pontos na Champions e ser eliminada? Ontem, abordou-se o caso do Benfica com 10. 5 tinham sido as equipas a serem eliminadas com esse número de pontos desde 1997. A essas 5 juntou-se a equipa portuguesa e o Napoli que até fez mais 2.

San Paolo ferveu. Gritou-se mil vezes o nome de Gonzalo Higuaín quando o Argentino inaugurou o marcador aos 74″ com uma rotação de mestre. Outras 500 no espectacular chapelão de Callejón quando tudo já estava decidido a favor dos Gunners e do Borussia de Dortmund. Tarde demais. Se o espanhol tivesse feito o 2-o a 10 minutos do fim, iria ser o diabo para Wènger e seus pares. Ou saíriam eliminados de Napoli ou no mínimo saíriam esfolados pelos colossais adeptos tiffosi que nunca se calaram durante todo o jogo e no final da partida aplaudiram de pé o esforço dos seus rapazes. Não é para menos: este Napoli de Benitez pode não ganhar nada mas joga à bola que se farta.

Digam o que disserem, tanto Higuaín como Callejón têm espaço na equipa do Real Madrid. Um é de caretas melhor que um certo chuta cocos de nome Karim Benzema. O outro já fez mais em Napoli em 3 meses do que o que Gareth Bale irá fazer em toda a época em Madrid. A dispensa de Callejón se pode entender (como podemos vislumbrar nas exibições do espanhol em Napoli) se atendermos que é um jogador que se dá bem a jogar em contra-ataque. Contudo, também deverei dizer que o extremo espanhol sempre que saía do banco na era Mourinho molhava a sopa! Se o Napoli tiver capacidade para os segurar arrisca-se a ter um futuro ainda mais risonho do que o que tem. Se não os segurar, estou seguro que tanto um como o outro rapidamente estarão num grande italiano e o Inter aparece-me à cabeça como o principal interessado nestes dois quando voltar a ter um mega projecto.

Existem equipas cuja linha estratégica compreendo, outras não. O Real Madrid pertence ao clube daqueles que não percebo. Existem vários exemplos disso no passado: o Luis Enrique que mais tarde seria símbolo do rival Barça, o Steve McManaman que deu um título europeu ao clube antes de ser encostado no início da era dos galáticos (nunca mais conseguiria jogar ao mais alto nível) ao Eclipse das passagens de Arjen Robben e Wesley Sneijder em Madrid, jogadores que anos mais tarde foram obreiros nos títulos europeus de Bayern de Munique e Inter de Milão. Isto sem falar de inúmeros casos de jogadores muito pouco aproveitados na sua estadia em Madrid como Klaas-Jan Huntelaar, Roberto Soldado, Borja Valero, Antonio Cassano, Juan Manuel Jurado, Esteban Cambiasso, Juanfran, Javi Garcia – só na última década – senhores cuja saída de Madrid trouxe o seu melhor futebol e cujos exitos desportivos noutras equipas são bem conhecidos. Resumindo e concluíndo: o dinheiro deu para tudo e se existe clube onde o dinheiro é o factor primordial para fazer uma estratégia e não uma condicionante da estratégia que se pretende levar a cabo, esse clube é o Real Madrid.

Voltando ao jogo. Final dramático no San Paolo. Higuaín agarrou-se à camisola e chorou copiosamente durante minutos numa cena comovente que deverá ter agradado e muito aos fervorosos adeptos do clube Napolitano. O Dortmund venceu em Marselha e ganhou um novo balão de oxigénio numa altura da época em que bem precisava depois das derrotas contra o Bayern de Munique e Bayer de Leverkusen. Grupo que se previa muito equilibrado e que terminou muito equilibrado. Futebol de muita qualidade, principalmente nos jogos entre Dortmund e Napoli. Os Napolitanos são um dos principais contenders à vitória da Liga Europa.