Breve análise a alguns jogos da Liga Europa

1. Eintracht de Frankfurt vs FC Porto – Quem é que seria de apostar que, dois jogadores altamente contestados no reino do Dragão (Licá e Ghilas) seriam os obreiros do apuramento do FC Porto nesta eliminatória contra o Frankfurt?

Jogo de alta rotação com uma intensidade de jogo altíssima. Impróprio para cardíacos.

Depois do pesadelo do jogo do Dragão, o Porto esteve à beira de morrer em Frankfurt mas no fundo do poço, Licá e Ghilas bateram na mola e catapultaram a equipa quando esta mais precisava. O jogo pode ser explicado em traços muito simples: domínio do Porto em quase todos os aspectos do jogo: posse de bola, domínio territorial, ataques e remates. Num jogo muito partido na sua fase inicial, no qual em dois ou três toques os jogadores do Frankfurt conseguiam progredir no terreno e colocar a bola (e muitos homens) no ultimo terço do terreno, os dois golos de rajada da equipa alemã deveram-se mais uma vez a dois enormes erros defensivos dos centrais da equipa orientada por Paulo Fonseca.

A equipa alemã também demonstrou ser fortíssima no contra-ataque. É claro que a velocidade com que as equipas disputaram a partida facilitou a manobra ofensiva da equipa alemã. Tanto Mangala como Maicon fizeram um jogo para esquecer:  o gigantão Meier deu muito trabalho e os centrais falharam por imensas vezes a marcação ao falso número 9 do Frankfurt. Mangala ainda conseguiu emendar os erros cometidos com as duas fantásticas cabeçadas que executou na área do Frankfurt. Logo a seguir ao golo do francês, o Frankfurt poderia ter selado o apuramento naquele estonteante contra-ataque conduzido pela faixa central pelo espanhol Joselu. Valeu a excelente intervenção de Alex Sandro junto da linha de golo. Quando este a 15 minutos do fim fez o 3-2, numa fase em que o Porto, depois de empatar a partida estava mais capaz de selar a eliminatória do que o contrário, pensou-se que era o fim da linha para o FC Porto e quiçá para Paulo Fonseca, apesar deste ter afirmado na conferência de imprensa posterior à partida que o jogo não era decisivo para a sua permanência no comando técnico do clube.

Valeu a força psicológica dos jogadores do clube da invicta. Se com 2-0 no marcador a favor dos alemães, a jogar melhor que a equipa germânica, a equipa portuguesa teve uma enorme capacidade de resposta, 0 3-2 poderia ter sido dificílimo de superar. A capacidade de resposta da equipa de Paulo Fonseca foi o seu maior trunfo nesta partida diante da eficácia dos alemães tanto no 1º jogo como na partida de hoje.

Tranquillo Barnetta – É uma pena o facto do Suiço ter passado ao lado de uma grande carreira. Não lhe faltam capacidades técnicas, capacidade de remate de meia distância e visão de jogo. Falta-lhe alguma velocidade e quiçá, digo eu, um pouco de brio. Ao longo da sua carreira teve todos os ingredientes para ser um dos melhores do mundo na sua posição mas, ou por falta de profissionalismo, ou por medo, ou por qualquer outro factor que por vezes o futebol por si só não explica, acabou por se arrastar por clubes sem grandes objectivos.

joselu

Na equipa alemã, quem me encantou nestes dois jogos foi o espanhol Joselu. Este espanhol de 24 anos, tem um currículo tão banal como centenas de jogadores espanhois. Criado na formação do Celta de Vigo, estreou-se aos 18 anos na equipa b dos galegos e logo despertou a cobiça do Real Madrid que o deixou permanecer em Vigo mais um ano (2009\2010). Em Madrid não teve a sorte do seu lado: fez 40 golos em duas épocas ao serviço do Castilla (72 jogos) na 2ª liga espanhola e apenas um jogo pela equipa principal dos merengues, curiosamente, onde até marcou. Sem espaço no plantel principal dos merengues, escondido no ocaso de grandes estrelas mundiais como Benzema ou Higuaín, decidiu assinar pelo Hoffenheim em 2012. No seu ano de estreia da Bundesliga em 2012\2013 marcou por 5 vezes em 25 jogos. A equipa decidiu emprestá-lo ao Eintracht de Frankfurt, clube onde marcou 3 golos em 10 jogos.

Não sendo um finalizador por excelência é um jogador rapidíssimo, com um sentido técnico muito apurado, rendendo mais nas costas de um ponta-de-lança visto que quando a bola lhe chega aos pés tem remate fácil, consegue criar muitos desequilíbrios no 1×1 e arrancadas a alta velocidade, facto que não só lhe permite muitas investidas individuais no último terço do terreno como são benéficas para que o espanhol arraste um dos centrais consigo e assim consiga não só arranjar espaço livre para os seus colegas como criar jogo para o homem de referência da equipa, Alexander Meier.

Estou seguro que o veremos dentro em breve o veremos a jogar num dos crónicos candidatos às competições europeias da Liga Espanhola (Espanyol, Real Sociedad, Getafe, Sevilla, Bétis).

2. Napoli vs Swansea – Já diz o ditado futebolístico que “quem não marca sofre” – Rafa Benitez igual a si próprio. Se o Napoli é hoje um grande candidato a vencer a Liga Europa tal se deve à mentalidade com que o espanhol encara os jogos a eliminar. Já era assim nos tempos do Valência, clube pelo qual o espanhol venceu a Taça UEFA em 2004 e no Liverpool, clube pelo qual o técnico venceu a Champions logo no ano seguinte, precisamente o ano da sua estreia no comando técnico dos Reds. Livre de encargos no campeonato (neste momento o Napoli é 3º, já não está em condições de lutar pelo título italiano; tem a Fiorentina a 6 pontos e o Inter a 10; não é expectável que os nerazzurri consigam recuperar esses 10 pontos de diferença até ao final da Serie A) a Liga Europa pode ser o tal troféu que a equipa presidida pelo cineasta Aurelio Di Laurentiis tanto procura nos últimos anos.

No Napoli, Benitez apenas se pode queixar do facto de, na fase-de-grupos da Champions, ter sido eliminado por um golo (o de Kevin Grosskreutz ao Marseille nos últimos minutos) – em condições normais de apuramento, ou seja, com a obtenção de 10 ou mais pontos nas 6 jornadas da fase-de-grupos da prova, este Napoli ainda estaria hoje a discutir o apuramento para os quartos-de-final da Champions e não para os oitavos da liga europa. Na história da Champions, só por 7 vezes, equipas que pontuaram 10 ou mais pontos na fase de grupos ficaram de fora da fase final da prova.

Lorenzo Insigne abriu o marcador no San Paolo com um golo de se tirar o chapéu. O Swansea respondeu e na segunda parte, Wilfried Bony teve tudo para poder fazer o 2-1 numa cabeçada no coração da área que Pepe Reina defendeu. Mortífero no contra-ataque o Napoli não perdoou e Higuaín aproveitou um ressalto resultante de uma situação em que um jogador do Swansea tentou aliviar a bola mas esta acabou por bater num dos seus companheiros de equipa e ressaltar para os pés do avançado argentino, que assim quebrou o enguiço pelo qual foi extremamente criticado em Itália no decurso desta época: o facto de falhar imensos golos nos jogos importantes do Napoli. Com o 2-1, a equipa de Benitez tranquilizou, meteu o seu fortíssimo contra-golpe e o Swansea desapareceu da partida. Higuaín falhou o 3-1 na cara do holandês Michael Vorm e minutos depois o suiço Gokham Inler selou a passagem à próxima ronda da prova.

3. Antevisão Napoli vs FC Porto –

O Napoli é uma equipa fortíssima. O ataque dos Napolitanos é assustador. Se a consistência defensiva se deve em muito ao equilíbrio que os musculados “relógios suiços” Behrami, Dzemaili e Inler dão à equipa, daí para a frente, veleidades como aquelas que Maicon e Mangala deram hoje são motivo mais que suficiente para crer que o Napoli resolve tranquilamente no San Paolo com goleada, faça o que fizer o Porto no ataque. Mertens e Marek Hamsik são os grandes playmakers desta equipa: aceleram o jogo como ninguém, põe-no incontrolável, diria mesmo diabólico, assistem, aparecem atrás dos pontas-de-lança a aproveitar todas as segundas bolas e servem um trio de virtuosos: Insigne, Callejón e Higuaín. Se o terceiro está sempre no sítio certo à hora certa, o primeiro é um talento prodigioso que, em perimetros muito curtos, num gesto repentino mete o lateral nas covas e atira a matar. O 2º é fortíssimo no contra-ataque e aparece muito bem na área a finalizar.

Um dos pontos que a equipa portuguesa poderá explorar são as subidas dos laterais. Benitez faz subir muito no terreno tanto o francês Ghoulam como o colombiano Zuñiga como o italiano Christian Maggio. As devidas compensações as alas são feitas pelos suiços. Behrami executa esse papel na perfeição visto que a sua posição de origem é precisamente a de lateral direito. Dzemaili é um todo-o-terreno que joga bem em qualquer posição do terreno. Já Inler é um jogador que combina músculo com skills técnicos. Tanto é capaz de entrar a varrer no miolo como a seguir iniciar uma transição com um passe longo de campo-a-campo. Se Varela e Quaresma estiverem naqueles dias em que conseguem fazer muitas arrancadas em velocidade pelas alas, poderão ter muito espaço para jogar nos seus respectivos sectores.

4 – Benfica vs PAOK – O rendimento de Nico Gaitán tem destas vicissitudes: apesar de estar longe do jogador que era aquando da conquista do título em 2010, de vez em quando o argentino consegue sacar da cartola momentos mágicos. Contra o Sporting na época passada por exemplo, fez aquele pingue pongue maravilhoso com Lima que resultou no golo do avançado brasileiro. Hoje tirou o génio da gaveta e engavetou a bola com classe nas redes do defunto PAOK. O Benfica passa à próxima ronda, onde lhe espera o Tottenham.

Miroslav Stoch e Sotiris Ninis são duas peças muito mal empregues neste PAOK. Não será admirável se os dois pretenderem mudar de áres no final da temporada. Principalmente o eslovaco, muitas vezes relegado para o banco de suplentes por Huub Stevens ao longo desta temporada, quando, é de facto o único jogador capaz de mexer com o ataque dos gregos. O único jogador capaz de se afirmar como o 3º melhor da equipa é precisamente o veterano Lino. Aos 36 anos, o brasileiro ainda dava muito jeito a um dos grandes deste país. Certinho a defender e muito acutilante a atacar, é dos pés do brasileiro que nasce metade do perigo deste PAOK a partir dos seus arqueados cruzamentos. De resto, este PAOK parece a feira das antiguidades: Katsouranis, Maduro, Salpingidis são jogadores cujo prazo de validade futebolístico ao mais alto nível já passou há muito.

 5- Tottenham vs Dnipro – Os londrinos não podem respirar de alívio. Apontava o Dnipro como uma das possíveis equipas revelação do torneio. A equipa de Juande Ramos joga um daqueles futebóis cínicos que só poderemos encontrar nas equipas do leste (Rússia, Ucrânia, Roménia, Bulgária) e guiando-se pelas boas maneiras daquela malta, tem no contra-ataque a sua melhor arma. As equipas ucranianas costumam ser muito complicadas de ultrapassar. Apesar do Dnipro ser uma equipa altamente mecanicizada (vertical) para jogar para as suas duas referências (Eugene Konoplyanka e o nosso conhecido Matheus) tal não chegou para bater o Tottenham de Tim Sherwood. Nos últimos dias, tem-se falado em Inglaterra que o próximo dono da cadeira de sonho em White Hart Lane (cheínha de milhões para investir a sério; visto que o investimento este ano, mal pensado, mal estruturado, foi uma brincadeira de crianças) é Louis Van Gaal. Para Daniel Levy, o presidente do clube londrino, venha quem vier, terá a espinhosa missão de conduzir o clube ao objectivo a que este se propôs nos últimos 3 anos: conseguir lutar pelo título inglês. O clube não irá suportar um novo fracasso na próxima temporada.

6 – Antevisão do Benfica vs Tottenham – Futebol total. Ataque, ataque, ataque. Será um duelo com desfecho imprevisível. Duas equipas que gostam de jogar ao ataque. Os encarnados detém um ligeiro favoritismo pelo facto de estarem a jogar um futebol lindíssimo no actual momento da temporada e de, estarem altamente moralizados para vencer todas as frentes competitivas onde estão inseridos. Por seu turno, o Tottenham poderá ganhar forças extra para encarar a equipa portuguesa: o apuramento para as competições europeias por via do campeonato irão exigir uma luta permanente até ao final da temporada. A Liga Europa pode surgir neste contexto como um excelente leitmotiv para moralizar os jogadores dos Spurs.

7 – Antevisão Fiorentina vs Juventus – Na minha opinião, este é o grande cabeça de cartaz da próxima eliminatória. Os torinese desmontaram a veterania\matreirice do Trabzonspor de José Bosingwa, Didier Zokora e Florent Malouda em dois tempos. A Fiorentina passeou frente ao modesto Esberg da Dinamarca. A Juventus apanhou 4-2 no Artemio Franchi no primeiro embate que as equipas realizaram para a Serie A. Nesse jogo, a Fiorentina virou um 1-2 para 4-2 em menos de 15 minutos, com destaque para a exibição do agora lesionado Giuseppe Rossi. Rossi está de baixa mas a equipa Viola apresenta na frente Alessandro Matri e o regressado Mario Gomez. Atrás reside uma linha média das mais talentosas da hodiernidade do futebol mundial: Juan Guillermo Cuadrado na direita, Joaquin na esquerda, Mati Fernandez no apoio ao ponta de lança e um backcourt de luxo composto por homens como David Pizarro, Borja Valero, Anderson ou Aquilani.

Para adoçar ainda mais o estudo destas duas equipas, convém referir que os dois treinadores apresentam um dispositivo táctico semelhante, o 3x5x2, apesar de Montella jogar regularmente com um 4x3x3 composto por Modibo Diakité, Nenad Tomovic ou Facundo Roncaglia na direita, Manuel Pasquale na esquerda, Savic e Gonzalo Rodriguez no eixo central, Pizarro, Valero ou Aquilani, Matías ou Aquilani, Joaquin, Cuadrado e Matri ou Gomez.

Aqui o vosso escritor de serviço deverá ir ao Artemio Franchi ver in loco esta eliminatória.

8 – Lyon vs Chernomorets

Só para assinar que Alexandre Lacazette voltou a abrir o livro. Merece muito mais este jovem avançado do Lyon. É um precioso talento numa equipa muito mas mesmo muito fraca.

Nota final para o Ludogorets vs Lazio, para o Red Bull Salzburg.

Quanto à equipa bulgara, a passagem obtida frente aos Laziale não me admira muito. A equipa dos portugueses Vitinha, Fábio Espinho e do galego mais beiramarista que conheço (Dani Abalo) é definitivamente a equipa sensação do torneio. É uma equipa que leva o cinismo futebolístico ao seu cume mais alto. A equipa bulgara, equipa onde para além dos 3 supra-citados, é composta por jogadores como Junior Caiçara (ex-Gil Vicente) Tero Mantyla, Yordan Minev, Cosmin Moti ou Roman Bezjak, ou seja, jogadores desconhecidos na alta roda do futebol mundial, engana muita gente. Todos estes jogadores foram revelação nas suas ligas nacionais em clubes pequenos dessas mesmas ligas. O Ludogorets Razgrad não sabe o que é jogar em casa para as competições europeias. A sua arena não é homologada pela UEFA para as competições europeias, facto que obriga os bulgaros a ter que pedir emprestada a casa do Levski de Sófia. É uma daquelas equipas chatas, chatinhas, que se mete a defender 90 dentro da área se tal for necessário. Raramente se desorganizam, raramente concedem espaços aos adversários, raramente se lançam no contra-ataque com mais de 2 ou 3 elementos, raramente fazem mais do que 5 ou 6 remates à baliza adversária e, last but not the least, raramente saíram de uma partida a contar para a liga europa com uma eficácia de remate baixa.

Poderão complicar a vida a muito boa gente. A começar pelo Valência

O mesmo se pode dizer do Red Bull Salzburg. A equipa austríaca tem a sua maior referência no espanhol Jonathan Soriano. Enganem-se aqueles que acreditam que os nomes ganham jogos. Esta equipa chegou a Amesterdão e aplicou chapa três aos holandeses em meia hora. Limpinho, limpinho. Irão ter o seu teste de fogo na prova frente ao Basileia num duelo entre vizinhos que promete.

Superbock! Fresquinha! #47

Tudo ao Molho! –

Barreiros, Funchal.

Vitória justa do Marítimo num jogo em que a equipa orientada por Pedro Martins pôs em prática o melhor das ilações que tirou da derrota no Dragão para a Taça da Liga. O jogo acabou por ser de certa maneira uma cópia desse mesmo jogo. Se exceptuarmos os primeiros 15 minutos (período do jogo no qual o Marítimo, tal e qual como lhe competia como equipa da casa, entrou à procura do primeiro golo, golo que viria a obter numa grande penalidade bem assinalada por Bruno Almeida), o Marítimo limitou-se a marcar o seu golo, explorar o seu fortíssimo contragolpe e explorar o défice ofensivo deste Porto. Com o miolo do meio-campo devidamente povoado (Danilo Pereira e Theo Weeks ganharam claramente o duelo de meio-campo a Carlos Eduardo e Josué) Pedro Martins não só cortou a posse de bola a Carlos Eduardo como, pela constante descida dos seus alas (principalmente de Artur) a acompanhar as movimentações dos laterais do Porto retirou parte do poder ofensivo da equipa de Paulo Fonseca.

Se na primeira parte Quaresma esteve muito em jogo e tentou sacar alguns coelhos na cartola, na 2ª parte, o extremo agarrou-se em demasia à bola, inviabilizando muitas jogadas ofensivas de uma equipa que demonstrou novamente ser muito confusa na circulação de bola e demasiado ansiosa na partida disputada nos Barreiros. Tanto que, no segundo tempo, os processos ofensivos do Porto resumiram-se ao despejo de bolas para área à procura de um toque mortífero de Jackson Martinez. O central viveu completamente entalado por Márcio Rozário e na única oportunidade que teve para visar a baliza de Salin a cruzamento vindo do flanco esquerdo, recebeu, rodopiou e atirou ao lado. Para segurar o colombiano, o central brasileiro teve que recorrer por várias vezes ao jogo de braços e à falta. Espanto-me em como Bruno Almeida não deu um cartão amarelo ao central do Marítimo.

Destaque desta partida também foram as fantásticas defesas feitas pelos guarda-redes na 2ª parte: em dois minutos Salin fez 3 defesas fantásticas, a melhor a remate de Josué. No outro lado do campo, Hélton não permitiu aquele que seria um golaço de Derley. Na minha opinião, este avançado do Marítimo tem condições para voos mais altos. É bom finalizador, cria bastantes dores de cabeça aos centrais quando vai buscar jogo atrás ou aos flancos, é um jogador interessante no 1×1 e quando a equipa o solicita com lançamentos longos tem o dom de arrastar toda a defesa consigo, segurar a bola e abrir bem o jogo para quem vem de trás.

Superbock! Fresquinha! #25

Breves:

1. Antes de tudo o resto, uma grande partida de futebol esta que foi jogada hoje em Alvalade.

2. A melhor exibição do Sporting esta época. Na minha modesta opinião. Faltaram apenas os golos para dar significado à avalanche de jogo que o Sporting construíu durante toda a partida. Uma circulação de bola impecável, com o maestro Adrien a assumir a batuta. Está um grande jogador. William Carvalho voltou a ser o esteio do equilíbrio leonino no meio-campo tanto a defender como a apoiar o ataque. Capel q.b com um Jefferson bem a defender Varela, não tão esclarecido a atacar. Wilson Eduardo combinou muito bem com Cedric e pecou apenas por não ter conseguido concretizar a bola que teve na primeira parte na cara de Fabiano. De Slimani muito esforço mas pouco esclarecimento. Não teve uma bola a jeito para facturar. A defesa do Sporting esteve irreprensível em grande parte do jogo. Vitor e Carrillo entraram muito bem. O primeiro teve aquela bola na cara de Fabiano onde poderia ter ganho o jogo para p Sporting. O 2º fez duas arrancadas brilhantes, a primeira, merecedora de golo. Valeu novamente Fabiano. Excepção feita ao lance na primeira parte em que Dier esqueceu-se de Ghilas e deixou o argelino atirar por cima da barra da baliza defendida por Marcelo Boeck.

3. Exibição bastante colorida do FC Porto na primeira parte, exibição paupérrima na 2ª parte. Fabiano foi o HOMEM DO JOGO. Na defesa, Alex Sandro batalhou muito com Wilson e com Cedric, não sendo hoje o lateral de propensão ofensiva que é. Danilo teve uma exibição para esquecer. Teve muitas dificuldades com Capel e Jefferson em virtude do facto de não ter sido devidamente apoiado por Varela. Na 2ª parte foi comido de cebolada por Carrillo no lance em que o peruano apenas parou aos pés de Fabiano. Maicón e Mangala tiveram uma exibição muito satisfatória não inventando perante a avalanche ofensiva do Sporting. Controlaram muito bem Slimani e Montero. Fernando fez uma primeira parte de sonho. Nos primeiros minutos do jogo esteve em todo o lado e chegou a causar calafrios quando pegou na bola e tentou jogadas individuais. Saiu devido a problemas físicos na altura em que, num meio-campo com Lucho Gonzalez, o Porto prometia ligeiramente mais do que aquilo que tinha feito em Alvalade. Herrera foi um a menos durante todo o jogo. Do mexicano ainda não vi nada que merecesse os 13 milhões que o clube deu aquando da sua transferência. Perdido em campo, chegou sempre atrasado às bolas disputadas no meio-campo e não é capaz de ser um jogador vertical. Varela foi o mais esclarecido do FC Porto em campo num jogo em que Licá foi inofensivo e Ghilas ainda ameaçou a baliza de Boeck por duas vezes. Carlos Eduardo foi à semelhança de Varela um jogador esclarecido durante toda a partida, de processos simples e qualidade de passe, tendo borrado a pintura no momento da sua expulsão.

3. A arbitragem de Olegário Benquerença. Depois de uma semana quente em que a arbitragem foi o prato do dia, Olegário Benquerença fez uma boa arbitragem até ao último terço do jogo. Pecou apenas em dois lances:

3.1 –  Na picardia entre Varela e Jefferson, creio que Jefferson deveria ter visto o cartão vermelho e o jogador do Porto o cartão amarelo.

3.2 – Carlos Eduardo é na minha óptica bem expulso. Não pela falta em si mas pela cena de teatro que fez a seguir.

Dos auxiliares de Olegário Benquerença fica na retina um fora-de-jogo mal assinalado a Wilson Eduardo na primeira parte num lance em que não só o jogador do Sporting está em jogo como na sequência do lance Mangala empurra o extremo do Sporting facto que se constituía passível de cartão vermelho.

4. Tudo em aberto para as próximas jornadas no que diz respeito a este grupo. Marítimo e Penafiel empataram. Caso tivesse vencido a equipa penafidelense, o Marítimo poderia ter no próximo jogo (em Alvalade, a 14 de Janeiro) um importante matchpoint.

Da Champions #5

Confesso que fiquei com alguma pena deste resultado do FCP.

1. É dado assente que a equipa não está a produzir o futebol a que nos habituamos a ver no clube. Falta muita coisa a este Porto para ser o grande Porto. À cabeça, faltam extremos que sejam capazes de produzir jogo para o ponta-de-lança que a equipa dispõe. Quando os grandes extremos do Porto (ainda ontem se viu pelas constantes subidas de Danilo e Alex Sandro) são os laterais, penso que está tudo dito quanto a esta questão. Daí advém o facto de Paulo Fonseca ser (quase) obrigado a colocar Josué numa das alas. Mais uma vez viu-se que o médio do Porto sempre que pode foge para o centro, posição do terreno onde se sente mais confortável. As más decisões de Paulo Fonseca derivam desse problema: para se jogar em 4x3x3 é necessário que se disponha de dois extremos com qualidade de 1×1 e cruzamento, matéria que Fonseca não dispõe. Necessita de um bom 8, posição para a qual Fonseca tem matéria-prima em abundância (Josué e Lucho) e de um 10 desiquilibrador pelo miolo, posição que no futuro sei que irá ser ocupada pelo jovem Quintero, ainda tenrinho para estas andanças.

2. Por esclarecer continuam as posições e tarefas que Herrera e Defour deverão ter no terreno. O mexicano já jogou ao lado de Fernando contra o Zenit no Dragão e deu-se mal. Fonseca avançou-o ligeiramente no terreno e o mexicano tarda em pegar de estaca. Enquanto João Moutinho tinha a facilidade de, ofensivamente, pautar todo o jogo do Porto e defensivamente formar o primeiro bloco de pressão\oposição à equipa adversária, o mexicano passa jogos atrás da bola sem conseguir acertar com um opositor e quando tem bola não tem qualquer tipo de rasgo ou capacidade de construir jogo.

Quanto ao Belga, tanto Vitor Pereira como o seu sucessor tentaram (sem exito) recuar o médio. Já foi 6, já foi 10, já foi ala no lado direito e ainda não foi aquilo que era no Standard de Liège: um 6 puro, um jogador para jogar ao lado de Fernando, um médio de trabalho que também é versátil ao ponto de se incorporar no plano ofensivo e ter bola nos pés.

3. Custou-me ainda mais ver a eliminação do Porto sabendo que o Áustria de Viena estava a golear o Zenit. Este Zenit foi sem sombra de dúvidas, o elo mais fraco deste grupo. Vi 5 jogos dos russos. É uma equipa sem fio de jogo num tosco 3x5x2 onde poucos se salvam. As excepções à regra são Hulk, Danny, Kerzhakov, Shirokov, Ansaldi e Lombaerts. Resumidamente, é uma equipa que, na ausência de Shirokov (o maestro de orquestra) e Danny (um dos afinadores dos instrumentos) apenas consegue tocar música para Hulk. Prova disso foram os 3 jogos caseiros que realizaram. Tanto contra o Áustria, como contra Atlético e Porto, a equipa virou-se sistematicamente para Hulk e passou o jogo a endossar bolas para o brasileiro resolver. A espaços apareceu o perigoso Arshavin no contra-golpe (contra o Atlético por exemplo) mas, o internacional russo, já não é jogador para estas andanças.

4. Voltando ao jogo de Madrid. 4 bolas na barra é dose. Danilo e Alex Sandro galgaram quilómetros mas Jackson nunca se conseguiu superiorizar aos centrais do Atlético. Josué meteu pena. Principalmente na primeira-parte quando derivou quase sempre para o miolo. Não coloco sequer a questão do penalty porque foi bem defendido por Aranzubia. Licá continua uma lástima. Mais um erro de Fonseca. Na esquerda não rende. Os centrais do Porto estão por deveras intranquilos. Mangala continua a perder imensas bolas em zona proibida. Do outro lado, vimos aquilo que se esperava: a equipa de operários de Simeone, a defender num bloco muito baixo, com uma agressividade muito acima da média, de forma eficaz e a sair em contra-ataque sempre que possível de forma cautelosa com poucas unidades, sempre à procura do target-man Diego Costa. A equipa que apanhar o Atlético na próxima fase terá que deixar sangue e suor no campo para eliminar esta fantástica equipa de Simeone.

5. In and Out –

In – O médio Oliver Torres. Já o tinha visto nos minutos que jogou no Petrovski. Irá ser (sem peneiras) o próximo Jogador Espanhol. Aos 17 anos já é habituée dos sub-21 espanhóis. Grande técnica individual.

Out – David Villa. Gordo. Pachorrento. Maçado por lesões. Não é nem por sombras o agressivo e incisivo Villa que conhecemos no auge da carreira.

6. Por último, o Áustria de Viena. Estes austríacos estrearam-se na versão moderna da Champions com boas exibições. Melhores que a do Zenit na minha opinião. Bateram-se taco-a-taco contra Porto e Zenit, fazendo das suas tripas coração. Muito limitados no plano técnico, procuraram um jogo directo para o seu ponta-de-lança Hosiner. Lá na frente, este austríaco descendente de pais croatas deu água pela barba a todos os centrais das equipas adversárias. Rápido, bom de bola e bom finalizador. Tem 24 anos e pelo que estive a pesquisar está em carreira ascendente (começou na 2ª equipa do TSV Munique 1860 e desde aí passou pelo Sandhausen da 3ª liga alemã que o catapultou para a Liga Austríaca, onde alinhou durante 2 anos no First Vienna e no Admira Wacker antes de chegar no verão de 2012 ao Áustria). Leva 35 golos em 44 jogos pelo Áustria nesta época e um terço vá. Antes disso já tinha apontado 28 pelo First Viena\Admira Wacker. É jogador para equipas de gama média alta do futebol europeu.

7. Já que estamos a falar de austríacos – Li algures na imprensa desportiva que o “Porto necessita de um jogador em Janeiro que pegue de estaca como pegou por exemplo Marco Janko” – já não me lembro se li isto na Bola ou no Record de ontem. Se Marco Janko pegou de estaca no Porto de 2011\2012 vou aqui e já venho. Tanto pegou de estaca que foi logo despachado no verão seguinte.

Se quisesse embarcar nas habituais teorias da conspiração, diria que este golo foi a mais pura retaliação da Gazprom às acções activistas que a Greenpeace está a levar a cabo no palco mediático da Champions contra a empresa russa. Sem menosprezo do grande jogo que me parece ter feito o Schalke pelos resumos que vi da partida.

Escrevi aqui há uns tempos que Platini largou a ideia de se gravarem as conversas dos 5 árbitros durante os jogos da Champions. Fico espantado como 5 almas não viram tantos jogadores do Schalke 04 acampados aquando do passe, onde se incluía obviamente o teuto-camaronês Joel Matip. Mais uma decisão de arbitragem (europeia) que deixa a desejar e que silenciou por completo qualquer resposta que o Basileia poderia dar na partida para evitar a passagem dos alemães aos oitavos-de-final. Pelos jogos que o Basileia fez na fase de grupos, em particular os dois contra o Chelsea, bem que mereceu o apuramento. Contudo, o Basileia também se deve queixar da miséria exibicional que teve nos jogos contra o Steaua de Bucareste.

A pergunta prévia para iniciar a escrita sobre este jogo é: quantas vezes viste uma equipa fazer 12 pontos na Champions e ser eliminada? Ontem, abordou-se o caso do Benfica com 10. 5 tinham sido as equipas a serem eliminadas com esse número de pontos desde 1997. A essas 5 juntou-se a equipa portuguesa e o Napoli que até fez mais 2.

San Paolo ferveu. Gritou-se mil vezes o nome de Gonzalo Higuaín quando o Argentino inaugurou o marcador aos 74″ com uma rotação de mestre. Outras 500 no espectacular chapelão de Callejón quando tudo já estava decidido a favor dos Gunners e do Borussia de Dortmund. Tarde demais. Se o espanhol tivesse feito o 2-o a 10 minutos do fim, iria ser o diabo para Wènger e seus pares. Ou saíriam eliminados de Napoli ou no mínimo saíriam esfolados pelos colossais adeptos tiffosi que nunca se calaram durante todo o jogo e no final da partida aplaudiram de pé o esforço dos seus rapazes. Não é para menos: este Napoli de Benitez pode não ganhar nada mas joga à bola que se farta.

Digam o que disserem, tanto Higuaín como Callejón têm espaço na equipa do Real Madrid. Um é de caretas melhor que um certo chuta cocos de nome Karim Benzema. O outro já fez mais em Napoli em 3 meses do que o que Gareth Bale irá fazer em toda a época em Madrid. A dispensa de Callejón se pode entender (como podemos vislumbrar nas exibições do espanhol em Napoli) se atendermos que é um jogador que se dá bem a jogar em contra-ataque. Contudo, também deverei dizer que o extremo espanhol sempre que saía do banco na era Mourinho molhava a sopa! Se o Napoli tiver capacidade para os segurar arrisca-se a ter um futuro ainda mais risonho do que o que tem. Se não os segurar, estou seguro que tanto um como o outro rapidamente estarão num grande italiano e o Inter aparece-me à cabeça como o principal interessado nestes dois quando voltar a ter um mega projecto.

Existem equipas cuja linha estratégica compreendo, outras não. O Real Madrid pertence ao clube daqueles que não percebo. Existem vários exemplos disso no passado: o Luis Enrique que mais tarde seria símbolo do rival Barça, o Steve McManaman que deu um título europeu ao clube antes de ser encostado no início da era dos galáticos (nunca mais conseguiria jogar ao mais alto nível) ao Eclipse das passagens de Arjen Robben e Wesley Sneijder em Madrid, jogadores que anos mais tarde foram obreiros nos títulos europeus de Bayern de Munique e Inter de Milão. Isto sem falar de inúmeros casos de jogadores muito pouco aproveitados na sua estadia em Madrid como Klaas-Jan Huntelaar, Roberto Soldado, Borja Valero, Antonio Cassano, Juan Manuel Jurado, Esteban Cambiasso, Juanfran, Javi Garcia – só na última década – senhores cuja saída de Madrid trouxe o seu melhor futebol e cujos exitos desportivos noutras equipas são bem conhecidos. Resumindo e concluíndo: o dinheiro deu para tudo e se existe clube onde o dinheiro é o factor primordial para fazer uma estratégia e não uma condicionante da estratégia que se pretende levar a cabo, esse clube é o Real Madrid.

Voltando ao jogo. Final dramático no San Paolo. Higuaín agarrou-se à camisola e chorou copiosamente durante minutos numa cena comovente que deverá ter agradado e muito aos fervorosos adeptos do clube Napolitano. O Dortmund venceu em Marselha e ganhou um novo balão de oxigénio numa altura da época em que bem precisava depois das derrotas contra o Bayern de Munique e Bayer de Leverkusen. Grupo que se previa muito equilibrado e que terminou muito equilibrado. Futebol de muita qualidade, principalmente nos jogos entre Dortmund e Napoli. Os Napolitanos são um dos principais contenders à vitória da Liga Europa.